Missão espacial chinesa desvenda segredos do lado oculto da Lua
A sonda Chang’e-4 aterrou na cratera lunar Vón Kármán no dia 3 de
Janeiro, e instalou o rover Yutu-2 para explorar a Bacia do
Polo-Sul-Aitken, a maior e mais velha cratera do lado oculto da Lua.
Este rover colecionou algumas amostras e as suas descobertas foram divulgadas no Jornal Nature, na última quarta-feira.
As amostras revelaram vestígios de olivina, o que levou os
investigadores a especular que o manto poderá conter olivina e piroxena
em iguais quantidades, ao invés do domínio de um destes minerais. A
olivina é um dos principais componentes do manto terrestre, o que poderá
confirmar a teoria de que a Lua se formou com algum material que a
Terra perdeu apos o choque com um corpo celeste. Os minerais encontrados
são, por sua vez, distintos das amostras da superfície lunar.
Uma vez que as caraterísticas e composição do subsolo permanecem desconhecidas, esta descoberta afigura-se como importante. De acordo com a hipótese mais aceite, quando a Terra sofreu o impacto da
colisão com um corpo celeste, Theia, algum material terá desprendido,
aglomerando-se, formando a Lua. Os elementos mais leves ficaram na
superfície, mas os minerais mais densos, como é o caso da olivina,
caíram no manto lunar.
Desde então, a origem e estrutura da Lua têm sido temas de debate entre a
comunidade científica. Desta forma, a investigação chinesa poderá
conduzir a um maior conhecimento acerca da evolução lunar e à
confirmação da existência de um oceano de magma, teoria que ainda não
foi confirmada.
A missão espacial faz ainda parte da ambição da China no espaço, iniciada nos anos 70.
O rover continuará a explorar o local e retirará mais material do
solo, e, em 2020, a China planeia enviar a sonda Chang’e 5, com o
objetivo de regressar à Terra com as amostras recolhidas na Lua.