Governo de Hong Kong adverte manifestantes para dispersarem e respeitarem a lei
"Apelo aos cidadãos que se reuniram para exercerem a maior contenção possível, para que dispersem pacificamente e não desafiem a lei", declarou o secretário para a Administração, Matthew Cheung, "número dois" do Governo liderado por Carrie Lam.
Um par de horas depois de ter sido anunciado o adiamento do debate das alterações à lei da extradição que motivaram a mobilização, milhares de manifestantes continuam concentrados junto às instalações do Governo.
Alguns dos manifestantes que falaram com a Lusa, muitos deles estudantes, disseram estar dispostos a permanecer no local até que o Governo recue na intenção de avançar com as alterações à lei.
Proposto em fevereiro e com uma votação final prevista para antes do final de julho, o texto permitiria que a chefe do Executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
Em teoria, os tribunais locais analisariam os casos individualmente e poderiam usar o poder de veto para impedir certas extradições no território semi-autónomo da China e antiga colónia britânica.
Os defensores da lei argumentam que caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China tal poderá transformar Hong Kong num "refúgio para criminosos internacionais".
Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio `um país, dois sistemas`, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.