Jornadas Europeias: PR de Cabo Verde fala da pobreza extrema e alerta que desigualdade pode minar coesão social
Referindo-se à situação de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca falou de assimetrias regionais acentuadas. Avançou que, apesar dos avanços conseguidos, o país dispõe de uma faixa considerada da população a viver na pobreza extrema, com o desemprego a afetar sobretudo jovens e mulheres. «Embora tenha diminuído, a pobreza continua elevada, 35,4%, com a pobreza extrema nos 10,6%. O desemprego é, ainda, substancial, tendo-se registado uma média nacional de 12,2% em 2017 e uma percentagem elevada na faixa etária dos 15-24 anos (32,4%) e nas mulheres (12,8%)».
O chefe de Estado faz questão de realçar que a excessiva centralização político-administrativa e o desenvolvimento com enfoque no sector do turismo em algumas ilhas, resultou em acentuadas variações regionais nas taxas de pobreza, desenvolvimento humano e acesso ao emprego.
«Cabo Verde, como a maioria de países insulares, é particularmente vulnerável aos impactos das alterações climáticas e às catástrofes naturais, como a seca que nos assola periodicamente», disse, realçando que a natureza insular do país condiciona poderosamente os custos da prestação equitativa dos serviços sociais, bem como o desenvolvimento de infra-estruturas.
Tal como as nações que integram a UE, Jorge Carlos Fonseca informou que Cabo Verde adoptou a Agenda 2030 e comprometeu-se a cumprir as metas propostas. «Assim, o alcance dos ODS e, em particular, do ODS 10 leva-nos a ousar, a agir diferente, a inovar os nossos discursos, mas, principalmente, a inovar nas nossas actuações para que possamos, de facto, reduzir as desigualdades, sociais e regionais».
Sofrimentos e necessidade de liderança transformadora
Descrevendo a situação mundial, Jorge Fonseca alertou que dirigiu-se a uma plateia (presentes) composta por decisores e peritos, bem como por cidadãos que militam nas organizações de sociedade civil. Isto «num momento em que se verifica, com profundo pesar e forte indignação, o sofrimento de milhares de famílias desestruturadas e destruídas, não apenas por falhas das políticas socioeconómicas, mas, sobretudo, por conflitos vários». Referiu ainda a homens, mulheres e crianças que abandonam os seus países à procura de uma vida melhor e à busca da paz.
« Para fazer face a essa triste realidade, será preciso que emerjam homens e mulheres com coragem para exercerem uma liderança de transformação capaz de abrir os horizontes e encorajar não só decisores, mas também simples cidadãos, a, juntos, procurarem soluções para a construção de um mundo diferente, multicultural, num quadro de salvaguarda dos direitos humanos e liberdades fundamentais e da promoção do bem-estar dos povos», apelou o Presidente da Republica da Cabo Verde durante as Jornadas Europeias de Desenvolvimento, realizadas esta terça-feira em Bruxelas.