Plataforma das ONG quer apoio dos jornalistas no combate ao estigma e discriminação dos toxicodependentes
É com este propósito que a Plataforma das ONG realiza hoje, na Praia, uma formação destinada aos profissionais da comunicação social em matéria de redução de riscos de modo a estarem melhor preparados para transformarem-se num vector de transmissão de mensagens que promovam direitos humanos dos usuários de drogas.
“Os órgãos de comunicação social e os jornalistas têm um papel importante a desempenhar, não só na promoção do respeito pelos direitos humanos dos usuários de drogas, mas especialmente em ajudar a criar um ambiente favorável da não descriminação, mas sim de integração social”, explicou a secretária executiva da Plataforma, Dirce Varela.
Psicóloga de profissão, Dirce Varela salientou que há que desconstruir a ideia de que o toxicodependente é apenas “um pequeno delinquente ou um pequeno criminoso” e ver também uma dimensão humanística do fenómeno e que passa por enquadrar um toxicodependente como um doente e um ser humano que continua a usufruir dos seus direitos.
“Se nós começarmos a melhorar a forma de vermos essa questão estaremos a dar importância a uma dimensão importante que é a dos direitos humanos. Se um toxicodependente é um doente, ele deve ser tratado. Não é porque ele está a usar que nós vamos deixá-lo morrer. A redução de riscos é também uma forma de amar o sujeito”, sustentou.
Para além de esclarecer a questão dos conceitos, a Plataforma das ONG almeja conseguir com esta formação um jornalismo mais humano que ajude a criar um ambiente favorável para não discriminação e estigma, mas sim na integração social do usuário de drogas.
Dirce Varela frisou que Cabo Verde tem optado por duas vertentes “importantes” que são as vertentes da prevenção e do tratamento.
A redução de riscos, explicou, tem a ver com a dimensão de respeito pelo momento actual do sujeito.
“Portanto estamos a falar de um sujeito que está a usar, mas que ainda não está ou não quer o tratamento. Há um processo que é só dele. Então há necessidade de respostas públicas, sociais políticas a dar a esse momento”, sustentou.
Durante a formação, para além de falar sobre a dimensão da redução dos riscos e da necessidade de uma abordagem humanística em relação aos usuários de drogas, os participantes vão fazer também uma reflexão sobre a situação actual existente em Cabo Verde.
Esta formação destinada aos jornalistas insere-se no âmbito do Programa Regional de Redução de Riscos VIH/TB (PARECO) que abrange cinco países da África Ocidental designadamente Cabo Verde, Guiné-Bissau, Senegal, Burquina Faso e Cote d’Ivoire.
PARECO é financiado pelo Fundo Global de Luta conta Sida, Tuberculose e Malária e tem como objectivo melhorar o acesso aos serviços de redução de riscos e promover o respeito pelos direitos humanos dos usuários de drogas na sub-região.