Líder do PAICV acusa presidente de transformar autarquia numa “loja de caridade” e “munícipes em pedintes”

Alcides Graça, que falava em conferência de imprensa, afirmou que esses actos praticados pelo presidente da Câmara Municipal de São Vicente têm fins eleitoralistas.

“Todas as segundas-feiras verifica-se uma grande aglomeração de munícipes à frente da câmara, desafiando todas as recomendações das autoridades sanitárias quanto ao distanciamento social, na esperança de aproveitar esta oportunidade para legalizar a sua casa ou comprar um terreno”, denunciou Alcides Graça.

Segundo o político, “alguns munícipes levantam-se às 04:00 da manhã para garantir o atendimento” e, mesmo assim “não conseguem resolver a situação”.

Conforme a mesma fonte, o objectivo não é resolver a situação, mas sim protelar no tempo até as próximas eleições autárquicas.

“Deu ordem aos generais de campanha espalhados por todos os bairros de São Vicente, os alegados zeladores municipais, para recolherem nomes, bilhetes de identidade e declarações de NIF dos munícipes com casas clandestinas e com pedidos de terrenos pendentes para os enganar que a casa vai ser regularizada e os terrenos vão ser cedidos, para criar uma situação de dependência e garantir o voto nas próximas eleições”, afirmou o líder do PAICV em São Vicente.

Alcides Graça disse ainda que o próprio presidente da CMSV anda de bairro a bairro a estimular os munícipes a apanharem o seu terreno garantindo que depois serão legalizados.

Falando em crioulo, o presidente da CPR do PAICV em São Vicente pediu aos munícipes que “estejam espertos porque estão a ser enganados pelo presidente” que está a colocar as pessoas na “situação de dependência”.

“Povo de São Vicente estejam espertos. Augusto Neves está a enganar-vos com a promessa de terreno e legalização de casa para que possam votar nele”, defendeu, acrescentando que Augusto Neves “vai sair da câmara dentro de dias, e já não terá tempo para regularizar milhares de pedidos”.

O político lembrou que o autarca “não herdou os terrenos” da ilha “da sua mãe nem do seu pai” e que “cada munícipe tem direito” a um “pedaço de terreno” para construir a sua habitação”.

Recordou ainda que Augusto Neves fez a mesma coisa “em 2016”, “enganou milhares de pessoas que votaram nele, e deu resultado”. Pelo que “está a repetir a mesma receita em 2020”, ajuntou.

“Quando alguém me engana uma vez a culpa não é minha, mas quando me engana pela segunda vez a culpa é inteiramente minha”, referiu.

Para Alcides Graça, trata-se de uma questão ética e o PAICV  do ponto de vista legal tem que denunciar a situação porque não se vai resolver porque não o resolveu durante quatro anos.

Confrontado com o facto do presidente da CMSV dizer que “não está preocupado com as críticas” da oposição e que “esta é que é hora de mostrar trabalho e de fazer balanço” do seu mandato, Alcides Graça defende que esta atitude “mostra o carácter” de Augusto Neves, porque se “fosse uma pessoa com moral evitaria essa situação”, porque “está a colocar a saúde pública em risco com as aglomerações” à frente da CMSV.

A mesma fonte voltou a dizer ainda que as obras que o autarca está a lançar, nos últimos dias, não constam do Orçamento Municipal, não têm prazo de execução e nem projecto.

Pelo que, sustentou, “é um acto de desespero” do presidente da CMSV e “com fins eleitoralistas” porque essas obras “não vão ser executadas”.

CD/ZS

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