Instabilidade de equipamentos e falta de pessoal condicionam controlo de entrada de pessoas com doenças vetoriais
O Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na cidade da Praia, tem enfrentado dificuldades no controlo sanitário dos passageiros, deixando o país vulnerável à entrada de doenças como o dengue e o paludismo. Uma denúncia, feita por uma fonte que trabalha no local, expõe falhas no equipamento de triagem e a escassez de técnicos disponíveis para acompanhar adequadamente os voos. Uma situação que mereceu explicações da delegada de saúde, Ulardina Furtado.
Conforme a denúncia, a câmara termográfica, aparelho responsável por medir a temperatura dos passageiros, no Aeroporto da capital do país, tem enfrentado problemas de funcionamento frequentes. Apesar de estar actualmente operacional, a delegada de Saúde da Praia, Ulardina Furtado, confirmou que o equipamento sofreu três avarias este ano.
Entre as causas, essa responsável apontou falhas na calibragem, problemas de conexão à Internet e interrupções devido ao desgaste do equipamento.
“Quando o aparelho está calibrado, ele funciona perfeitamente e detecta alterações de temperatura. No entanto, quando há problemas, fica inutilizável até ser reparado. Quem não conhece o funcionamento da câmara termográfica pode pensar que ele não está em uso, mas temos técnicos que trabalham para monitorar as temperaturas sempre que possível”, explicou Ulardina Furtado.
Déficit de técnicos afeta monitorização
Um dos maiores problemas apontados pela delegada é a falta de pessoal. Durante a pandemia de Covid-19, 19 técnicos foram contratados para operar a câmara termográfica em turnos de 24 horas. Hoje, segundo disse, apenas cinco permanecem em atividade, o que impossibilita cobrir todos os voos que chegam ao país, especialmente aqueles que aterram à noite.
“Temos dado prioridade aos voos provenientes de países endémicos, como Senegal, mas nem sempre conseguimos garantir a presença de um técnico em todos os turnos. Essa situação agrava o risco de entrada de pessoas com doenças como dengue e paludismo”, admitiu.
Ulardina Furtado também destacou que os técnicos contratados trabalham sob contratos de prestação de serviço, com renovação trimestral. Uma instabilidade que, conforme relatou, levou muitos profissionais a abandonarem o cargo em busca de melhores oportunidades, sobretudo na emigração, o que criou um vazio no sistema de controlo sanitário.