Paludismo: Outras epidemias no meio da covid-19 poderão pôr em causa a capacidade de respostas do País – Artur Correia
O director nacional da Saúde
admitiu hoje que no meio desta pandemia da covid-19 se viessem a registar
outras epidemias seria “algo anormal” e poderia pôr em causa a capacidade de
resposta do País.
Artur Correia fez esta consideração ao
ser abordado pela Inforpress sobre a queda das últimas chuvas que causaram
alguns problemas na cidade da Praia, aumentando assim as fontes de reprodução
dos mosquitos.
Essas precipitações, sublinhou,
trouxeram uma preocupação acrescida, mas os agentes de luta antivectorial estão
no terreno a dar continuidade à campanha nacional de pulverização
intradomiciliar, assim como à da aeroespacial de prevenção ao paludismo
autóctone e outras arboviroses.
“Temos essa preocupação todos os anos
quando chove, e quando chove mais é pior ainda porque nós temos a
responsabilidade de prevenir não só o paludismo, mas todas as outras doenças
causadas por mosquitos vectores. Temos a dengue que já tivemos uma epidemia em
2019, que afectou milhares de pessoas, temos a zica que é uma outra arbovirose
que é muito grave, que também já tivemos uma epidemia”, afirmou.
Conforme referiu, Cabo Verde apesar de
não ter registado nenhuma epidemia de chikungunya e febre amarela ainda é
receptível a essas doenças, por isso o Ministério da Saúde tem essa responsabilidade
de estar em alerta para fazer esse controlo das doenças vectoriais.
Para prevenir o aparecimento do
paludismo, lembrou que todos os anos é realizada duas campanhas de pulverização
intradomiciliar com insecticida para matar os mosquitos adultos, a primeira
antes das chuvas (Maio e Agosto) e a segunda após o período das chuvas
(Setembro a Novembro).
No dia 07 de Setembro deu-se início à
primeira fase da campanha de luta antivectorial intradomiciliar e até este
momento, informou, as zonas mais problemáticas já foram pulverizadas, como é o
caso do bairro de Fonton.
Para além de equipas de agentes
sanitários no terreno, o Ministério da Saúde conta também com o apoio de uma
equipa de informação, educação e comunicação comunitária que tem sensibilizado
a população no sentido de colaborarem com o serviço nacional de saúde.
“Temos tido uma boa resposta por parte
da população, porque no meio desta pandemia se viéssemos a ter outras epidemias
seria, portanto, de facto algo anormal e que poderia pôr em causa a nossa
capacidade de respostas”, admitiu.
Neste sentido, acentuou, estão a agir
preventivamente e, para isso, contam com apoio de todos nessa tarefa de fazer
com que Cabo Verde passe mais um ano sem casos de paludismo.
Cabo Verde está há mais de dois anos sem
nenhum caso de transmissão local de paludismo e no mês de Janeiro de 2021 o
País completa três anos sem nenhum caso e estará apto a pedir a certificação da
eliminação da doença junto da Organização Mundial da Saúde.
Apesar de o arquipélago não ter registado
casos autóctone este ano, o Ministério da Saúde registou oito casos importados,
vindo de países vizinhos.
Neste caso, Artur Correia apontou que o
desafio passa por manter a vigilância epidemiológica nesses casos importados e
detectar precocemente eventuais ocorrências para evitar que haja transmissão
local a partir dos casos importados.
“O nosso desafio é manter a densidade
de mosquitos ao nível baixo para evitar que haja transmissão local a partir de
casos que são importados”, finalizou.
FONTE: INFORPRESS