Covid-19: Pais “apreensivos” com regresso às aulas ponderam deixar filhos fora do sistema de ensino
Alguns pais e
encarregados de educação estão preocupados com os eventuais riscos que os
filhos estão sujeitos neste regresso às aulas, neste cenário da pandemia da
covid-19, e pensam deixar as suas crianças sem frequentar o ensino presencial.
Duas semanas para o arranque do novo ano lectivo, mas num cenário
diferente devido aos moldes excepcionais adoptadas pelo Ministério da Educação,
com aulas presenciais e à distância, por causa da pandemia do novo coronavírus,
a Inforpress ouviu alguns pais e encarregados de educação sobre este regresso
às aulas.
Muitos dos pais das quais a Inforpress abordou, estão com receio de
enviar os seus filhos para as aulas presenciais que iniciam a 01 de Outubro, e
alguns já pensam até em deixar o filho fora do sistema de ensino, este ano.
É o caso de Maria Helena, mãe de trigémeos, sendo um com problema de
asma, que frequentam o sexto ano do ensino básico integrado na Cidade da Praia.
Para esta mãe, que trabalha na área de serviços gerais, até que a
situação não esteja estável, as escolas deveriam permanecer-se fechadas. Isto
porque, explicou, as crianças não vão respeitar as medidas de restrições,
inclusive fora das salas.
“Não é que não quero que a escola seja retomada, mas neste momento a
solução é para não abrirem, enquanto a pandemia continue a avançar. A situação
não está a melhorar, há casos e mais casos, imagine quando as escolas
reabrirem”, disse essa mãe que questiona como é que as crianças vão ter aulas
on-line, sendo que muitos pais não têm computador em casa.
Outra inquietação desta mãe é o perigo que os filhos estão sujeitos na
rua, ou seja, no percurso casa/escola e vice-versa.
Outra mãe ouvida pela Inforpress foi Adilma Silva, cujo filho frequenta
o pré-escolar, mas esta acredita que a sua preocupação é de todos os pais com
filho no ensino básico ao secundário.
Esta jovem que trabalha no Ministério da Educação, diz não ser contra a
reabertura das escolas, visto que a educação é uma “arma importante”, mas a sua
preocupação prende-se com o facto de quem irá orientar as crianças durante as
aulas on-line.
“Neste momento, a minha preocupação é como vamos reconciliar o trabalho
com esse novo sistema de ensino que vai ser adoptado durante este tempo de
pandemia, em que as crianças vão ter de ficar em casa para ter aulas onl-ine ou
na TV”, disse essa funcionária da administração pública.
Este cenário, segundo disse, é um desafio para as crianças e para os
pais, por isso o Governo, a seu ver, deve adaptar os trabalhos para que os pais
possam ter tempo de acompanhar os seus filhos.
Poucos dias para o retorno das aulas a “ficha ainda não caiu” para a mãe
Suzete Almeida que revelou à Inforpress que está “muito apreensiva” por causa
dos eventuais riscos que as crianças vão estar sujeitas.
“Não estou muito à vontade em mandar os meus filhos para a escola. É
claro que entendo que devemos nos adaptar ao novo normal, e claro está, que a
educação não pode parar. As nossas crianças sentem falta da escola dos colegas
e dos professores”, acentuou, ajuntado que este convívio “é essencial” para o
desenvolvimento psicológico e social das crianças.
Contudo, compromete-se a fazer a sua parte para ajudar os filhos a
adaptarem a este “novo normal”, tendo em conta que há mais de seis meses estão
confinados em casa.
Os pais Nélida e Maurício Monteiro dizem compreender que as autoridades
decidam por este regresso, mas, por outro lado, paira alguma “incerteza” que os
deixa um pouco inseguro em deixar os filhos num ambiente académico.
“Tenho uma filha de cinco anos no pré-escolar e outro de 13 anos no
liceu, mas o meu maior receio é com a mais pequena, porque apesar de ela ter
alguma noção da covid-19, quando as crianças estão juntas não sabemos como vão
comportar-se”, sublinhou.
Enquanto os pais estão preocupados e com alguma incerteza neste regresso,
os filhos estão ansiosos para retornar às salas de aulas, uma vez que estão
seis meses longe dos seus colegas, professores e amigos.
“É uma boa iniciativa este regresso, mesmo sendo perigosa, dos alunos às
aulas, e a voltarmos a ter uma vida social. Espero que as escolas estejam
atentas e em alta vigilância com os alunos para certificar que há
distanciamento social e uso de máscaras”, disse o adolescente Joel Landim, que
demonstrou alguma preocupação com os colegas que não tem condições de adquirir
máscaras.
Já para o jovem Fabrício Monteiro, este regresso, apesar de com algumas
restrições, será um momento “muito feliz e especial” tendo em conta que será o
reencontro entre amigos.
Neste novo ano lectivo, segundo as indicações do Ministério da Educação,
no ensino básico (1º ao 4º ano) o ensino é presencial e diário, as turmas
passam a ter o máximo 22 alunos, sendo um por carteira e com distanciamento de
1,5 metros.
As horas de ensino presencial passam para duas horas diárias e
complementado pela “tele aulas” através do Programa “Aprende e Estudar em
casa”, o tempo de duração de cada aula passa a ser de 25 minutos, para cada
disciplina, os intervalos serão de cinco minutos e os alunos não transitam de
sala.
Já no segundo ciclo do Ensino básico (5º ao 8º ano) e Ensino secundário
(9º ao 12º ano de escolaridade) o ensino presencial será alterando com o não
presencial e as aulas presenciais serão alternadas para cada grupo da turma,
isto é, três dias um grupo e três dias o outro grupo.
FONTE:
INFORPRESS