Presidente do CSMJ considera “satisfatório” o ano judicial 2019/2020 apesar do confinamento causado pela pandemia
O presidente do Conselho Superior de
Magistratura Judicial (CSMJ), Bernardino Delgado, considerou hoje o ano
judicial 2019/2020 “satisfatório” apesar da pandemia da covid-19 que levou a
que os tribunais estivessem confinados por um período de três meses.
“Durante este período os prazos processuais estiveram
congelados e o nível de indecência, devido ao impacto da pandemia, nos
tribunais, dependeu da incidência de casos. Houve concelhos que no início do
ano não tiveram muitos casos, logo os juízes sentiram menos impacto da
covid-19”, disse em declarações à imprensa após a entrega do relatório à
Assembleia Nacional.
Bernardino Delgado salientou, ainda, que não obstante
o impacto da pandemia, 72% dos juízes conseguiram atingir os objectivos que
foram definidos pelo Conselho Superior, para este ano judicial, e que consistia
em decidir o número de casos que fosse superior ao número de entrada de
processos.
Neste âmbito, afirmou que os juízes, a nível nacional,
conseguiriam decidir o número de processos superiores ao número de entradas, ou
seja, conseguiram decidir sobre 11.339 processos face a 11.156 entradas.
“Essa margem ainda não é o que queremos, já que a
nossa ambição é conseguir atingir um número maior. Mas, estudando os dados
estatísticos existentes, estamos a conseguir melhorar o impacto para inversão
da curva da pendência a nível global”, acrescentou.
Das medidas em curso fez referência à nomeação de dez
juízes, com efeito a partir de 01 de Outubro, o que vai permitir o reforço da
inspecção judicial com a nomeação de mais um inspector judicial, assim como a
instalação dos tribunais das pequenas causas.
A par isso, apontou ainda a nomeação de dois juízes
para o tribunal de execução de penas e medidas de segurança para sotavento e
barlavento, instalação do juízo de família, menores e trabalho de São Vicente,
reforço da comarca do Sal com mais um juiz, assim como a intenção do reforço do
Tribunal da Relação de Sotavento com mais dois juízes.
Quanto ao aumento de pendências, o presidente do CSMJ
avançou que foram adiadas cerca de 423 diligências nas ilhas por causa da
pandemia global e, adiantou, por outro lado, que estas antecipações não tiveram
impacto negativo nos processos dos tribunais.
Conforme o relatório 2019/2020, os processos, objecto
de investigação, nos Tribunais e Juízos de primeira instância, durante o
presente ano judicial atingiram 23.131 processos (dos quais 11.873 são cíveis),
sendo menos 943 que no ano judicial transacto.
No decurso do referido ano judicial deram entrada em
todos os tribunais de comarca do país 11.156 processos, com considerável
redução em relação aos processos entrados no ano anterior (12.356), sendo 4.229
(38%) de natureza cível e 6.927 (62%) de natureza criminal, o que representa
uma redução da demanda na ordem dos 9,7%, comparativamente com o período
homólogo do ano judicial anterior.
De acordo com o relatório entregue pela CSMJ, é nos
Tribunais da Praia e de São Vicente onde se encontram a maior parte dos
processos, ou seja, 12.389.
FONTE: INFORPRESS