Cabo Verde conseguiu alguns avanços com a resolução 1325 das Nações Unidas – diz Vicenta Fernandes
Cabo Verde
conseguiu alguns avanços com a resolução 1325, criado pelas Nações Unidas em
2000, apesar da sua implementação ter ficado adiado por falta de recursos,
disse hoje à Inforpress a presidente da ACLCVBG.
Vicenta Fernandes fez esta consideração no âmbito da participação da
Associação Cabo-verdiana de Luta Contra a Violência Baseada no Género (ACLCVBG)
na 4ª secção de intercâmbio temático sobre a resolução 1325 enquanto se
comemora os 20 anos da sua criação e no dia em que se assinala o Dia
Internacional da Paz.
A “histórica” resolução 1325 sobre mulheres, paz e segurança exige a
participação das mulheres na construção da paz, a protecção das violações dos
direitos humanos e a promoção do acesso à justiça e aos serviços para enfrentar
a discriminação.
A resolução 1325 coloca em evidência, de uma forma inequívoca, o papel
da cidadania e da igualdade de género em todas as fases do processo de
construção da paz e lança uma nova perspectiva sobre as mulheres,
reconhecendo-as não exclusivamente como vítimas que carecem de protecção, mas
também como actores relevantes e capazes.
A responsável da ACLCVBG considerou que o nível de implementação da
resolução 1325, no País, é aceitável uma vez que contribuiu para várias acções
de advocacia e orientações de medidas políticas e legislativas tais como a lei
sobre a violência baseada no género e a lei da paridade.
A resolução 1325, conforme disse, tornou-se num documento que confere
legitimidade e regulação às actividades de entidades e indivíduos que actuam
com o intuito de fomentar boas práticas e produzir uma ordem mais justa e
igualitária, tendo diversos países adoptado o documento como referência para
estimular políticas de género em âmbito doméstico e internacional.
“Cabo Verde aderiu em 2018, com apoio de ONU Mulheres, e está na fase de
elaboração de um plano de implementação. Um dos maiores constrangimentos ao
avanço das acções previstas é a falta de recursos”, disse, sublinhando que a
agência ONU Mulheres, quando saiu do País, estava num processo de apoio às organizações
da sociedade civil.
Informou ainda, que quanto à resolução 1325, Cabo Verde teve duas
missões do escritório regional da ONU Mulher, sendo uma em 2016 e a outra, da
UNOWAS, no início de 2018.
Esses dois momentos, realçou, constituíram uma grande oportunidade de
advocacia a favor das questões do plano de acção da resolução 1325/2000.
“Uma das acções de grande impacto realizadas em Cabo Verde no âmbito da
resolução 1325 foi o OPEN DAY em 2018, com o alto patrocínio do Presidente da
República, e com a presença do alto representante das Nações Unidas para a
África”, acrescentou.
De acordo com Vicenta Fernandes, essas acções contribuíram tanto para a
advocacia para a lei da paridade quanto para a participação política das
mulheres que foi aprovada em finais de 2019.
Em Cabo Verde, apesar de alguns ganhos no que diz respeito às questões
legislativas, há ainda a necessidade de assegurar os ganhos na implementação
das leis e sensibilizar a população para os conhecer e deles beneficiar.
Neste âmbito, apelou a uma maior divulgação junto da sociedade civil
para uma ampla advocacia junto dos governos e políticos para a implementação da
resolução 1325.
As Nações Unidas marcam hoje, 21, o Dia Internacional da Paz, sob o tema
“Moldar a Paz Juntos”.
Para assinalar a data o Papa Francisco escolheu o tema fraternidade,
salientando que todos devem procurar “uma fraternidade real, baseada na origem
comum de Deus”, pois, o “desejo de paz está profundamente inscrito no coração
do homem e não devemos resignar-nos com nada que seja menos que isso.”
FONTE: INFORPRESS