Cabo Verde tem trabalhado para integrar as migrações nas suas estratégias de desenvolvimento, ministro
O Ministro de
Estado, Fernando Elísio Freire, disse hoje que o Governo tem trabalhado para
integrar as migrações nas suas estratégias de desenvolvimento e nas reformas
que visam dar resposta às tendências evidenciadas pelos fluxos.
Fernando Elísio Freire fez essa afirmação no acto da abertura da reunião
intersectorial de alto nível para a apresentação da consulta e validação dos
Indicadores de Governança da Migração (IGM) em Cabo Verde, um documento que irá
ajudar os países a entenderem melhor as políticas de “migração bem gerida” na
prática.
Nesse sentido, realçou que Cabo Verde reconhece a transversalidade do
fenómeno migratório, pelo que tem trabalhado, permanente, nos mais diversos
sectores de actividade, para que todos partilhem um quadro de referência comum
em matéria de migração.
“Para isso, criamos a Alta Autoridade para a Imigração, e o relatório
hoje apresentado constitui um instrumento importante que irá permitir o balanço
do que o País tem feito na área das migrações e saber onde melhorar para ter
uma abordagem integrada, alinhando aos desafios do que o contexto internacional
impõe”, acrescentou.
Poder aderir a incitava dos Indicadores de Governança das Migrações,
segundo o governante, reconhece o empenho do País na promoção de uma governança
de migrações alinhadas com as melhores práticas internacionais.
O governante, que admite que o arquipélago é o maior exemplo de um país
de emigrantes, assegurou ainda que as migrações e a mobilidade são elementos
fundadores da história colectiva do povo cabo-verdiano.
“São mais de cinco séculos de migrações, e isso permite a estas ilhas
uma ligação forte com o mundo e uma oportunidade de crescer e ser maior,
permitindo a cada cabo-verdiano estar em todo o lado”, ajuntou.
Perante isso, adiantou que o cosmopolitismo e a diversidade cultural são
um imperativo que um pequeno país como Cabo Verde tem de “preservar e
desenvolver” com vantagens derivadas da sua própria identidade cultural, como
povo originário de uma mistura entre África e Europa, e como país aberto e na
rota da África, América e Europa”, ressalva.
Lembra, ainda, que o facto de o cabo-verdiano ser filho da migração, a
política de integração do País deve chamar-se de “política de morabeza” para
bem receber, bem acolher e bem integrar, seja o imigrante, visitante, turista
ou refugiado.
Morabeza, segundo disse, não só de ponto emocional, mas também de
políticas que passam pela educação, formação e construção de atitudes positivas
no relacionamento com o estrangeiro, a organização e desenvolvimento de
técnicas e instrumentos apropriados para a integração.
“Defendemos, pois, políticas públicas transversais orientadas para a
integração dos migrantes e sua inclusão social pelo trabalho, pleno respeito
pelos seus direitos, igualdade e oportunidades, e diálogo intercultural”,
acrescentou, sublinhando que isso é um acto de direitos humanos e de
cumprimento da dignidade da pessoa humana.
Conforme Elísio Freire, nos últimos anos, o número de pessoas que têm
entrado no País para residir tem aumentado num ritmo muito mais acelerado do
que o número de cabo-verdianos que saem para residir em outros países.
Ainda para o governante, a transformação de Cabo Verde como um País de
destino de migração está intimamente ligada à aplicação dos vários instrumentos
de facilitação de mobilidade internacional.
Por tudo isto, pela diversidade de população migrante, transversalidade
do fenómeno migratório que interpela diferentes instituições, fragilidades e
potencialidades do quadro institucional, reconhece que o País é desafiado a ter
políticas estratégicas e actuações coerentes neste domínio.
A OIM em parceria com a “The Economist Intelligence”, desenvolveram os
Indicadores da Governança da Migração (IGM) e definiram um conjunto padrão, de
aproximadamente 90 indicadores, que ajudarão os países a identificar boas
práticas, bem como áreas com potencial para maior desenvolvimento.
Desde o seu lançamento, 68 países usaram o IGM para avaliar suas
estruturas de governança da migração e sua respectiva política.
FONTE: INFORPRESS