Ministra destaca papel da justiça como garante do cumprimento dos Direitos Humanos no País
A ministra da
Justiça e Trabalho, Janine Lélis, realçou hoje o papel da justiça como garante
do cumprimento dos Direitos Humanos em Cabo Verde, na realização e satisfação
dos direitos de todos.
Janine Lélis, que fez esta afirmação em entrevista exclusiva à
Inforpress, no âmbito da comemoração do Dia Nacional dos Direitos Humanos, 25
de Setembro, avançou que o País está em “permanência” no cumprimento dos
direitos, apesar dos desafios em relação aos direitos fundamentais impostos
pela pandemia da covid-19.
“No estado da pandemia não se está e nem se pode viver aquilo que é a
expressão máxima da realização dos direitos humanos. A par disso, e fazendo uma
leitura da governação, têm sido feitos esforços significativos, em especial, no
que respeita à maior concretização dos direitos económicos e sociais”, disse.
Neste particular, lembrou as medidas de política adoptadas pelo Governo
no que se refere ao aumento do salário mínimo, da pensão social, da universalização
do ensino com a gratuitidade, do aumento do “plafond” para assistência medicamentosa,
entre outros.
A governante, que admite que os direitos humanos e fundamentais não são
apenas os sociais e económicos, mas também os civis e políticos, diz-se
convicta de que em Cabo Verde são reconhecidos os níveis de desenvolvimento em
termos da democracia, do funcionamento das instituições, de liberdade, entre
outros.
Tendo em consideração os direitos e a situação da pandemia, a ministra
da Justiça apontou o direito à liberdade como a mais “beliscada” durante a
covid-19 por situações que limitou as pessoas de “ir e vir” e de “trabalhar”
devido às restrições impostas pelo estado de emergência.
“Se é verdade que passamos o estado de emergência, continuamos com algumas
ilhas em estado de calamidade o que supõe algumas restrições, neste caso, posso
falar sobre as liberdades económicas em que as instituições passaram a
trabalhar de forma diferente”, explicou.
No que se refere aos relatórios, Janine Lélis, informou que o país tem
estado a cumprir apesar de algumas limitações quanto ao cumprimento das
recomendações visando sempre a melhoria.
As convenções, segundo disse, têm sido ratificadas, estando o
arquipélago para ratificar, a curto prazo, a Convenção sobre o Trabalho
Forçado.
Neste particular, esclareceu que a maior parte dos tratados e convenções
traduzem os direitos fundamentais consagrados na Constituição, sendo que a
ratificação traduz na prática o mecanismo de monitorização dos países em
relação aos valores universais.
Segundo a ministra, a Constituição, que também garante direitos às
crianças e adolescentes, que constantemente deparam com violações dos seus
direitos, pode ver a situação das coisas a melhorar com a alteração em termos
de medidas de políticas públicas e com a alteração do processo e código penal.
Tudo isso, sublinhou, numa perspectiva de uma melhor resposta de
eficácia legislativa.
“Contudo, é bom que fique claro, as leis não fazem milagres, elas são
apenas uma componente para ajudar a sociedade a resolver os seus problemas.
Isto significa que o combate à violação e à violência tem de ser assumido pelos
familiares, os primeiros defensores de medidas de protecção das crianças”,
acrescentou.
Questionada se a justiça tem cumprido o seu papel de realização e
satisfação dos direitos de todos, aquela governante garantiu que sim e vai mais
longe ainda ao afirmar que confia no trabalho que vem sendo feito pela justiça.
No entanto, admite a necessidade de se compreender o funcionamento das
coisas para se dar as informações necessárias às pessoas.
Ainda sobre o direito e questionada se a justiça tem funcionado no
sentido de informar e dar sossego às famílias cujos parentes se encontram
desaparecidos, a ministra lamentou o caso de desaparecimento e justificou que
esses cenários acontecem a nível mundial e que demoram muito para ter
respostas.
Entretanto, apesar de todo o ganho que aponta ter havido no sector da
Justiça, Janine Lélis admite a necessidade de alguns desafios a vencer e que
tem a ver, em primeiro lugar, com a “celeridade e eficácia”, para combater a
morosidade.
“Muitas coisas foram feitas, começando pela instalação de níveis de
tribunais visando permitir mais realização da justiça”, defendeu, admitindo que
apesar disso os desafios a vencer no que se refere a direitos passa por maior
empregabilidade, maiores níveis de rendimentos, menos pobreza, mais saúde e
habitação.
A data, 25 de Setembro, como Dia Nacional dos Direitos Humanos foi
escolhida pelo Governo por ter sido o dia da entrada em vigor da Constituição
de 1992 que integrou, pela primeira vez, os Direitos Humanos no texto
constitucional.
Tem por objectivo construir e reforçar a consciência cívica através de
acções educativas de sensibilização e reflexão sobre a problemática dos
Direitos Humanos em Cabo Verde.
FONTE: INFORPRESS