Covid-19: Banco Central perspectiva uma “drástica deterioração” da actividade económica
O relatório de
Estabilidade Financeira (REF) de 2019 do Banco de Cabo Verde (BCV) aponta uma
“drástica deterioração” da actividade económica nacional, devido ao contexto
externo “desfavorável”, o que implica alguns desafios para o Banco Central.
De acordo com um comunicado de imprensa do BCV sobre a situação do
sistema financeiro nacional em 2019 e a tendência de evolução dos riscos para a
estabilidade financeira, o banco central perspectiva, no curto e médio prazo,
um “agravamento significativo” dos riscos em todos factores relacionados com a
estabilidade do sistema financeiro nacional.
Na avaliação da estabilidade do sistema financeiro em 2019, o BCV
informou que o contexto externo foi “favorável” à economia nacional em 2019,
contribuindo para o aumento da procura turística dirigida ao País, das reservas
externas e do investimento directo estrangeiro.
“A economia nacional cresceu 5,7 por cento (%), a inflação média anual
reduziu, fixando-se em 1,1%, e as contas externas melhoraram, o que permitiu um
nível de reservas externas equivalente a 6,9 meses das importações de bens e
serviços”, informou o BCV.
A mesma fonte anunciou ainda que o sector bancário registou um conjunto
de desenvolvimentos “extraordinariamente positivos”, em 2019, nomeadamente a actividade
bancária, medida pela evolução do activo total, registou um crescimento de
6,9%, do crédito líquido de imparidades, pese embora um crescimento de 5,8%,
fixou-se em 41,8 por cento do total do activo.
A economia nacional, segundo as projecções no âmbito do Orçamento
Rectificativo para 2020, lembrou o BCV, deverá sofrer uma contracção do produto
interno em volume, em 2020, de pelo menos 6,8% e, deste modo, fazer inverter o
ciclo de crescimento da economia dos últimos quatro anos, com “nefastas e imprevisíveis
consequências para o emprego, a sustentabilidade das finanças públicas e a
estabilidade do sistema financeiro”.
Nesta conjuntura de “grande incerteza”, que ainda persiste devido à
evolução da pandemia e seus reais efeitos sobre a economia nacional e,
particularmente, sobre a estabilidade do sistema financeiro nacional,
coloca-se, de acordo com a mesma fonte, “importantes desafios” ao Banco
Central, ao Governo e às instituições bancárias, no sentido da continuidade das
medidas em curso, bem como da “definição célere” de um conjunto de novas
estratégias e políticas financeiras prioritárias, em resposta à crise.
De entre esse conjunto de iniciativas destaca-se a necessidade de
continuidade de uma política monetária “acomodatícia e prudencial flexível”, a
par de uma “gestão criteriosa” das reservas cambiais e do reforço da capacidade
de supervisão, ao nível micro e macro prudencial, por parte do Banco de Cabo
Verde, enquanto autoridade monetária, cambial e de supervisão do sistema
financeira.
“O imperativo da manutenção de elevados padrões de governação e de
gestão criteriosa dos riscos, de elevados níveis de liquidez e de fundos
próprios, assim como de transparência na comunicação da sua situação financeira
e prudencial e ‘compliance’ com as exigências regulatórias, por parte
instituições, especialmente bancárias”, lê-se no comunicado.
Outro desafio é a importância da continuidade das medidas já
implementadas, no sentido de apoiar as empresas e as famílias, em estreita
coordenação com o BCV, e de reforço da cooperação com os parceiros
internacionais, por parte do Governo.
O relatório faz referência ainda às medidas que o Banco Central tem
concretizado para mitigar os efeitos da covid-19 na economia nacional,
designadamente, concedeu moratórias ou carência no pagamento dos créditos dos
seus clientes, recomendou às instituições a não distribuição de dividendos,
fixou o nível de solvabilidade mínimo, a vigorar em 2020, em 11% e determinou a
sua reposição gradual para 12%, a partir de 2021 e até 2024.
FONTE: INFORPRESS