Dia Mundial do Professor: Docentes defendem que é uma data para uma reflexão sobre o papel da classe
Dois docentes
abordados pela Inforpress, hoje, no Dia Mundial do Professor, proclamado pela
Unesco, defendem que se trata de uma data para uma “reflexão” sobre o papel
desta “importante classe profissional” na sociedade.
Jorge Brito, professor universitário, diz que, pessoalmente, prefere
comemorar o Dia Internacional do Professor por ser uma “causa universal” a ter
que assinalar o Dia do Professor Cabo-verdiano.
“Na minha humilde opinião, são esses dias internacionais que deveriam
ser mais comemorados”, afirmou o docente na Universidade Jean Piaget, para
quem, em vez de se referir à comemoração, devia-se falar de “reflexão” para que
as pessoas saibam sobre o que a problemática traz e sobre algo que precisa de
ser “melhorado, reparado e empolgado”.
Segundo ele, por causa da pandemia da covid-19, certas profissões
começaram a ser “mais valorizadas”, nomeadamente as ligadas à saúde, mas,
sublinhou, as da educação devem continuar a merecer atenção.
Para José Brito, com o novo paradigma de incentivo da educação digital,
começa se a “valorizar mais a questão do professor”.
Sem poupar nas palavras, aquele docente entende que há uma “ignorância
geral sobre questões científicas” e que agora se faz sentir com a proliferação
de fake news (notícias falsas), o que faz com que as pessoas fiquem
“desorientadas”, porque “não têm o background científico suficiente”.
Instado sobre a valorização do professor cabo-verdiano, lembrou que
antigamente esta classe profissional era tratada com “veneração”, sobretudo no
interior do país, onde lhe eram oferecidas prendas.
“Em Cabo Verde, o professor sempre foi valorizado. Mas, se se referir em
termos financeiros, isto já é outra história”, indicou Jorge Brito, gabando-se
que, enquanto professor universitário, não tem que se queixar.
Na sua perspectiva, num país como Cabo Verde, é “complicado” satisfazer,
em simultâneo, a todos os grupos reivindicativos.
Quanto ao apelo aos seus colegas, exortou a todos para uma “maior
consciência” sobre a sua profissão e, segundo ele, “mais do que ensinar, ser um
catalisador da aprendizagem, ou seja, estimular nos alunos o gosto do saber”.
Por sua vez, Silvina Correia Andrade, professora do ensino secundário,
defende que o Dia Mundial do Professor, deve ser de “reflexão e, também, de
comemoração”.
“É um dia em que todos os docentes devem debruçar-se sobre o estatuto do
professor para podermos estar cientes dos nossos deveres e direitos”, precisou,
acrescentando que o professor tem um “papel importante” na sociedade.
Considera, entretanto, que falta o reconhecimento da parte das
autoridades governamentais que “devem reconhecer o papel social do professor”.
“Os vencimentos que, neste momento, auferem os professores do ensino
básico e secundário não abonam muito a nossa missão como professor”, lamentou
aquela docente, que recorda que a “promoção na carreira está parada e não há
aumento do vencimento”.
“Já assistimos a várias classes profissionais que viram revistos os seus
processos relativamente a vencimentos, mas em relação aos professores, as
coisas estão paradas e ninguém faz nada”, revelou a fonte da Inforpress.
Segundo Silvina Andrade, a classe de professor devia ser “mais
valorizada” em Cabo Verde.
Contudo, acha que da parte da sociedade esta valorização é “notória”
porque as pessoas estão a reconhecer o papel do professor na procura de
soluções para o momento pelo qual está a passar o país, ou seja a pandemia da
covid-19.
“Sem o professor a sociedade pára. É só vermos que neste momento está
tudo parado, porque não há movimento de professores nem de alunos”,
acrescentou.
Silvina Andrade deixa uma mensagem de “encorajamento, de muita fé e
esperança”, porque, salientou, o professor é quem sempre procura a
solução para os problemas.
O dia 5 de Outubro foi proclamado pela Unesco como Dia Mundial dos
professores em 1944, para celebrar a aprovação, em 5 de Outubro de 1966, a
Recomendação da Unesco/OIT sobre o estatuto dos professores, numa conferência
intergovernamental especial convocada pela Unesco.
FONTE:
INFORPRESS