Impermeabilizar a barragem de Banca Furada é custoso mas a água infiltrada pode ser aproveitada – pedólogo

O pedólogo Jorge Brito defende que impermeabilização da barragem de Banca Furada, em São Nicolau, poderá ser um “processo muito custoso” e que, provavelmente, a água infiltrada vai alimentar lençóis freáticos, podendo ser aproveitada, a jusante, através de furos.

Em entrevista à Inforpress, aquele investigador afirmou duvidar se vale a pena gastar “muito mais dinheiro” na referida obra hidráulica.

“Não estou a ver uma impermeabilização a preços módicos, capaz de resolver o problema”, disse, apontando a cimentação como provável alternativa, além de outras técnicas, nomeadamente a colocação do sal, à semelhança do que acontece em algumas outras paragens do mundo, mas, ressaltou, isto “não deve ser bom para a agricultura”.

Mostrando alguma reserva em pronunciar-se sobre a questão da barragem de Banca Furada, por ser especialista em solo e não em subsolo, Jorge Brito foi dizendo que impermeabilizar aquela infra-estrutura hidráulica não se afigura muito fácil porque a “pressão da água é tão grande a ponto de a impermeabilização não resistir”.

Em seu entender, a questão daquela barragem não é de todo mal, porque, realçou, “a água não desaparece por encanto”.

“Ela [água] infiltra-se e, provavelmente, vai alimentar lençóis freáticos e convém aproveitá-la, a jusante”, recomenda Jorge Brito, para quem esta alternativa é “mais racional do que tentar impermeabilizar” aquela infra-estrutura hidráulica.

Na sua perspectiva, é necessário fazer estudos geológicos para se saber até onde vai a água infiltrada, a fim de se concluir que lençol freático está a ser alimentado.

Instado se, captando a água infiltrada significa obter efeitos benéficos, respondeu que vai depender de estudos, uma vez que são fendas geológicas, “não se sabe a que profundidade” vai aquela água.

“Que lençol freático será alimentado?” perguntou o pedólogo, cuja resposta ele próprio deu, admitindo que não se sabe, porque “não foi feito nenhum estudo”.

Para ele, poder-se-á ter a sorte de a água da Banca Furada “estar a alimentar um lençol freático a jusante, passível de ser aproveitado por furos” e, para confirmar esta hipótese, sublinhou, “é preciso que sejam feitos estudos hidrológicos”.

“O que deveria ter sido feito não foi feito”, comentou, sugerindo que, antes da construção daquela barragem, “devia ser feito um estudo, através de fotografia aérea da parte geológica, das fendas e todo o resto”.

No concernente aos estudos, assegurou que é bom que sejam feitos, ainda que por etapas, tendo em conta os custos.

“Tem que haver também estudos económicos para se saber se é rentável o aproveitamento desta água infiltrada”, comentou, acrescentando ser necessário confirmar a que profundidade se encontra a referida água e os custos  para ser trazida  até à superfície.

 

 

FONTE: INFORPRESS

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