A Ponte defende intervenção multissectorial na questão da saúde mental em Cabo Verde

O presidente da Associação A Ponte, José Reis, defende que a saúde mental é de intervenção multissectorial e que a colaboração entre os diferentes actores é fundamental para que as acções a realizar possam ser “bem definidas”.

José Reis fez essas considerações em declarações hoje à Inforpress no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala este sábado, tendo avançado que a saúde mental em Cabo Verde não é diferente dos outros países, sobretudo com a situação actual que se vive devido a pandemia.

“Em Cabo Verde o impacto da situação pandémica não é diferente do que ocorre nas outras latitudes”, realçou o presidente da A ponte.

O mundo, sublinhou esse responsável, está a deparar-se com uma pandemia que tem efeitos a “diferentes” níveis e, particularmente, na saúde mental das pessoas, sendo que em termos de resposta a nível nacional, tem havido “diferentes” acções, visando mitigar os efeitos na saúde mental das pessoas.

Entretanto, asseverou que tem de se admitir que “todos os efeitos” dessa situação ainda não são “totalmente conhecidos”, pelo que previu que se está, também, num processo de “enfrentamento, e que as consequências duradouras só mais tarde poderão conhecê-los na sua plenitude”.

“É verdade que as medidas adotadas para mitigar os efeitos da pandemia, sobretudo para reduzir a disseminação do vírus, tais como as medidas de distanciamento social e confinamento, têm impacto na forma como estávamos habituados a viver”, observou José Reis.

Contudo, salientou que essas medidas mexem com a rotina das pessoas e, consequentemente, vão exigir o desenvolvimento de “novos” mecanismos de adaptação como forma de se poder viver nesse quadro diferente, mas sem “grandes dificuldades”.

“Naturalmente com a situação do estresse do confinamento isso pode levar ao aumento de tensão psicológica e a uma maior agressividade, isso pode ter efeitos de violência que pode ocorrer”, constatou, destacando que ainda não se está em condições de se poder fazer uma avaliação definitiva e ou de dar uma garantia do incremento da violência, bem como dos números das denúncias por parte das vítimas.

No entanto, segundo José Reis, é preciso esperar para podermos fazer um balanço mais preciso, com dados que permitam objectivar as afirmações, porque está-se ainda meio do percurso, garantindo, porém, que Ministério da Saúde tem sido um parceiro “tradicional” da associação, tendo A Ponte participado na elaboração e validação do Plano Estratégico da Saúde Mental.

O responsável aproveitou da oportunidade para apelar à população para seguir as orientações das autoridades sanitárias, sugerindo também para não consumirem toda e qualquer informação sobre a pandemia e para criarem novas rotinas de modo a manterem o equilíbrio psicológico.

O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado anualmente a 10 de Outubro, sob a responsabilidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), tendo como propósito   criar sensibilidade e suscitar reflexão sobre esta questão, nomeadamente na prevenção do suicídio que muitas vezes se encontra relacionado com fatores como a depressão, o alcoolismo, doença crónica, problemas financeiros ou outras situações de crise.

 

 

FONTE: INFORPRESS

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