Parlamento: Governo diz que deixar aviões da CVA parados em Cabo Verde cria “problemas de ordem prática”

O secretário de Estado para as Finanças disse hoje que a opção de deixar os aviões da Cabo Verde Airlines (CVA) parados em Cabo Verde, neste período de paragem por causa da pandemia, acarretaria “problemas de ordem prática”.

Gilberto Barros fazia assim uma intervenção no debate sobre os transportes na primeira sessão plenária de Outubro da Assembleia Nacional.

“Em relação aos aviões, estes, de facto, estão em Miami, e não é só para fazer manutenção de forma mecânica. Nós aqui em Cabo Verde não temos sobresselentes para colocar nos aviões. Não é suficiente termos técnicos. Temos que ter as peças”, afirmou.

“Caso contrário, como é que fazemos, no meio da Covid-19, para trazer uma peça dos Estados Unidos da América para cá? Isso cria problemas de ordem prática que temos que ter a humildade e o carácter prático e pragmático para dizer que vamos deixar os aviões onde estão”, acrescentou.

Gilberto Barros frisou ainda que para que “seja bem claro” que os aviões são da empresa Loftleidir Icelandic, que estão alugados, pelo que não poderiam ficar na placa em Cabo Verde para ser objecto de visualização do povo.

Ainda nas suas declarações, o secretário de Estado para as Finanças frisou que os compromissos assumidos no âmbito do contrato de compra e venda da Cabo Verde Airlines constam no contrato que foi remetido ao Parlamento há 19 meses.

“Naquele dia, o Governo convidou qualquer entidade, ou qualquer pessoa que achasse que havia um desvio em relação à lei que apontasse o artigo da lei que foi violado. Passados 19 meses, ninguém se pronunciou. Acho um pouco estranho vir sempre repetir a falta de transparência, sem nunca apontar exactamente onde. A objectividade seria sempre bem-vinda”, arrematou.

Em relação à questão da avaliação, que foi dito no início da intervenção da oposição que a empresa que comprou a CVA é a mesma que fez a avaliação, Gilberto Barros respondeu que, “obviamente, não pode ser possível”.

“É contrário a lei, não aconteceu assim e foi apresentado publicamente, no dia 01 de Março, que se trata de uma empresa independente, contratada por via de concurso e com financiamento do Banco Mundial”, elucidou.

Quanto ao valor pelo qual a empresa foi vendida, 1,3 milhões de euros, muito criticado pela oposição, Gilberto Barros comentou que cada um tem uma opinião sobre o quê que a empresa vale, mas que no fim, de forma objectiva, o valor da empresa é o activo menos passivo.

“Aquela empresa, CVA, na altura tinha valor negativo e, no balanço da empresa, não constava nenhum avião. Não é especulação, não é opinião, é aquilo que constam no documento da empresa. Portanto, de forma factual, os cabo-verdianos merecem ouvir de forma clara, simples, objectivo, o quê que, de facto, era a situação”, prosseguiu.

“Em boa verdade”, disse, a CVA “não só não tinha aviões e tinha valor negativo, a avaliação técnico-operacional indicou que a empresa estava em violação de 200 procedimentos enormes de operação de transportes aéreo”.

“A mesma empresa não tinha credibilidade para comprar sequer um litro de combustível, portanto. Esta era a CVA”, concluiu o governante.

 

 

FONTE: INFORPRESS

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