Achada Igreja: Óleos, ervas, sementes e plantas de ornamentação são oportunidade de negócio
A busca por
produtos mais saudáveis e feitos sem agredir o ambiente tem saltado do campo
alimentar para o de cosméticos e pessoas já vêm desenvolvendo, dentro de casa,
óleos essenciais como alternativas naturais aos disponíveis no mercado.
É o caso de Ana Maria dos Santos Tavares, “Ana di Pico”, conhecida há
décadas no município de São Salvador do Mundo, e além-fronteiras, pela sua
actividade de produção e venda de óleos essenciais, ervas, sementes, e plantas
ornamentais e que instalou o seu negócio frente à sua residência na rua
principal de Achada Igreja, concelho de São Salvador do Mundo.
A casa de “Ana di Pico” virou ponto de paragem obrigatória para quem
segue viagem para lá do interior da ilha de Santiago.
Em entrevista à Inforpress, Ana di Pico adiantou que a produção e venda
de óleo de rícino, azeite de purga, sementes de moringa, de calabaceira, cascas
de beringela e plantas ornamentais são uma tradição herdada dos pais e que, há
mais de quatro décadas, se transformou no sustento da sua família.
“Foi através desta actividade que consegui com que os meus sete filhos
estudassem e tivessem a vida que têm hoje”, explicou.
“É um trabalho maçador e que leva bastante tempo para ser produzido
(mais de 12 horas) mas é o que eu gosto de fazer”, acrescentou, adiantando que,
além de lucrar e de se sentir activa, também acredita tratar-se de uma forma de
ajudar o próximo.
Segundo a mesma, o azeite de purga serve no tratamento de dores de
barriga, no corpo, no fortalecimento, crescimento do cabelo, na protecção e
manchas na pele. Para extrair óleo de rícino que serve para tratamentos
diversos a entrevistada disse utilizar uma semente conhecida nesta povoação por
“djaguidjagui”, como matéria-prima.
Além de óleos essenciais, Ana dedica-se à plantação de ervas e plantas
ornamentais. A matéria-prima é recolhida pela mesma nos vales e ribeiras do
interior do Santiago.
Apesar da crise provocada pelo novo coronavírus, Ana adianta que, ainda
assim, o negócio consegue ter saída embora de forma reduzida. Os clientes de
Ana di Pico são essencialmente emigrantes, turistas, nacionais e “rabidantes”
que, segundo a mesma, já conhecem os seus produtos.
O uso de ervas medicinais na cura de doenças remonta aos tempos
ancestrais e seu emprego na medicina popular sempre foi muito
difundido. Neste sentido, Ana garante que o produto que ela comercializa
há vários anos é 100% natural, podendo ser utilizado em adultos como em
crianças conforme indicação.
“Nunca tive qualquer reclamação dos meus clientes, muito menos que o
produto tenha tido efeito contrário, até porque é indicado e recomendado por
médicos”, esclareceu Ana di Pico que, entretanto, chama atenção para o
facto de, mesmo medicamentos feitos à base de ervas, poderem ter efeitos
colaterais em potencial e devem ser usados sob orientação.
Apesar de considerar que esta prática já entrou em desuso, acredita que
devia ser explorada pelas autoridades de saúde e universidades.
Ana di Pico, aposentada da Câmara municipal de São Salvador do Mundo,
nascida e criada em Achada Igreja, disse que pretende estender esta prática aos
filhos e netos.
Hoje com 63 anos, nutre o sonho de expandir o negócio e conquistar
outros mercados e, para conseguir este feito, Ana disse estar à procura de
financiamento para adquirir uma máquina de transformação e, para ajudar na
realização deste sonho, filhos e netos uniram-se para iniciar um projecto de
negócio a que deram o nome de “Natur’Ana”, ideia inspirada no nome da
matriarca.
Para dar ponta pé a esta ideia a filha de Ana inscreveu o projecto de negócio
na 5ª edição do programa Startup Jovem e hoje faz parte da lista das dez ideias
empreendedoras a aguardar resultado final.
FONTE: INFORPRESS