Covid-19: Estudo revela que medidas contra pandemia afectam homens e mulheres de maneira diferente
Um
estudo de impacto de covid-19 na desigualdade de género revela que as medidas
de contenção sanitárias adoptadas no quadro da pandemia afectam a homens e
mulheres de maneira diferente, aprofundando desigualdades pré-existentes.
De acordo com o estudo realizado pela Afrosondagem, sob a encomenda do
Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do Género (ICIEG), é
“imprescindível analisar o impacto diferencial não só entre os sexos, como
também entre diferentes grupos de mulheres e homens”, a fim de se desenhar
políticas públicas que promovam um “desenvolvimento inclusivo, assim como uma
resposta efectiva à actual conjuntura”.
O mesmo estudo evidencia que, no contexto da crise sanitária, as normas
de género representam riscos adicionais no que se refere à igualdade, sendo as
mulheres as “principais prejudicadas”.
Em relação à informação sobre a covid-19, o inquérito revela que a
aposta das autoridades pelo uso da comunicação social, e mais especificamente
da televisão, foi uma “escolha muito acertada”, dado que esta é a “principal
fonte de informação da população sobre esta matéria”.
O estudo revela, ainda, o “impacto positivo” da comunicação, no seu
sentido lato, no facto de que, tanto homens como mulheres adoptaram de forma massiva
medidas para evitar o contágio.
Por outro lado, ficou claro que existem “diferenças claras entre ambos
sexos”, especialmente no que se refere ao espaço público. E cita como exemplo
disto o fato de as mulheres serem “mais precavidas na hora de evitar realizar
saídas desnecessárias”.
Ainda no que tange ao uso do espaço público, o estudo mostra grandes
diferenças entres homens e mulheres. Enquanto elas usam mais o transporte
público e, quando saem, vão mais aos supermercados e farmácias, já os homens realizam
mais actividades de lazer, como visitar familiares, ir aos cafés e restaurantes
ou ir à praia.
A grande maioria dos respondentes (78%) cita os telejornais como sendo a
sua fonte principal de acesso a informações sobre a evolução da pandemia
causada pela covid-19. A seguir vêm as redes sociais que inclui, o
Facebook, o Twiter e o Instagram, com cerca de 54% dos inquiridos a
subscreverem essa fonte.
Em terceiro plano, indica o estudo, figuram as rádios com mais de 34% de
referências. As conferências de imprensa da Direcção Nacional de Saúde (13,8%)
e Página do Governo (9,5%) completam o elenco das fontes mais citadas.
O estudo da Afrosondagem destaca que as mulheres estão na primeira linha
face à covid, configurando a maior parte dos profissionais de saúde do País.
Também são as protagonistas na realização das tarefas de cuidados no âmbito
doméstico, estando assim, mais expostas ao contágio.
“As mulheres enfrentam maior vulnerabilidade económica, mostrando um
índice mais alto de informalidade laboral, pelo que contam com menor protecção
social”, aponta o documento a que a Inforpress teve acesso, que acrescenta que
o País conta com uma população idosa marcadamente feminizada (as mulheres
representam 60.5% da população maior de 65 anos), o que implica uma “tendência
à feminização dos grupos de risco face à doença”.
Este estudo visa conhecer o impacto do surto da covid-19 nas mulheres e
meninas (especialmente sobre as mulheres do sector informal, as profissionais
de saúde, as grávidas e puérperas e empregadas domésticas) em Cabo Verde.
O estudo a ser apresentado esta quinta-feira, 22, foi realizado durante
o mês de Julho, com o inquérito feito entre os dias 10 a 20 de Julho e as
entrevistas e sessões de focus grupos entre os dias 20 a 30 de Julho,
abrangendo a população com a idade a partir dos 18 anos.
Ao todo, foi um total de 1.000 amostras que contemplaram as ilhas de
Santiago, Sal, Fogo e São Vicente.
FONTE: INFORPRESS