Presidente do ICIEG defende legislação sobre o teletrabalho para beneficiar as mulheres grávidas
A presidente
do ICIEG, Rosana Almeida, defendeu hoje a necessidade de se legislar sobre o
teletrabalho para beneficiar, sobretudo as mulheres grávidas, permitindo-lhes
laborar a partir da casa.
De acordo com a responsável do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade
e Equidade do Género (ICIEG), durante o confinamento, por causa da pandemia da
covid-19, que ainda afecta o País, “as mulheres grávidas sentiram-se
desprotegidas”, quer a nível de informação, quer no concernente à orientação.
“Para não haver retrocesso nos ganhos que Cabo Verde já conseguiu a
nível da saúde sexual e reprodutiva, as organizações que operam neste sector
vão ter que traçar medidas para que o planeamento continue a ser feito de forma
a não deixar ninguém para trás”, precisou Rosana Almeida.
A presidente do ICIEG fez essas considerações à imprensa, à margem do
ateliê de socialização do estudo sobre o impacto da covid-19 na desigualdade de
género, estudo esse realizado pela Afrosondagem sob a encomenda daquela
instituição.
“A participação [dos homens] nas tarefas domésticas é um indicador muito
bom em termos de algum alcance positivo que as políticas de igualdade do género
estão a chegar à sociedade”, afirmou Rosana Almeida, para quem, apesar desses
avanços registados, as mulheres continuam “sobrecarregadas”, porque, além de
trabalho no seu emprego, realizam, também, tarefas domésticas.
O estudo recomenda, ainda, uma legislação que permite a suspensão do
trabalho presencial para os cuidadores de criança, pessoa idosa ou com
deficiência que esteja em confinamento domiciliar ou hospitalário por infecção
ou exposição à covid-19.
Instada se o ICIEG vai acompanhar a aplicação das recomendações do
referido estudo, a presidente do ICIEG assegurou que a instituição dispõe de um
comité que faz o monitoramento das políticas de igualdade do género a nível
nacional.
“Cada ministério tem um representante [no comité], o que significa que o
ministério A, B ou C vai seguir como que as medidas estão a ser seguidas”,
apontou, concluindo que “haverá todo um seguimento que é feito pela comissão
interministerial da abordagem do género”.
Relativamente às cestas básicas distribuídas por ONG e câmaras
municipais, o estudo recomenda que estes apoios sejam complementados com outros
produtos de primeira necessidade, como o gás para cozinhar, produtos de higiene
íntima durante o período menstrual e preservativos.
O estudo demonstra, por outro lado, que o sector informal, dominado
essencialmente por mulheres, é dos mais afectados pela pandemia e, daí, a
camada feminina ser a mais atingida.
“A procura pelos serviços de saúde durante o período de covid-19
diminuiu, particularmente na fase inicial de implementação do estado de
emergência”, revela o estudo, adiantando que esta redução ficou a dever-se ao
medo de as pessoas contraírem o vírus nas instalações médicas.
Este estudo visa conhecer o impacto do surto da covid-19 nas mulheres e
meninas (especialmente sobre as mulheres do sector informal, as profissionais
de saúde, as grávidas e puérperas e empregadas domésticas) em Cabo Verde, por
serem grupos especialmente vulneráveis face ao contexto da pandemia que vive o
país.
O estudo foi realizado durante o mês de Julho do corrente ano, com o
inquérito feito entre os dias 10 a 20 de Julho e as entrevistas e sessões de
focus grupos entre os dias 20 a 30 de Julho, abrangendo a população com a idade
a partir dos 18 anos.
Ao todo, foi um total de 1.000 amostras que contemplaram as ilhas de
Santiago, Sal, Fogo e São Vicente.
FONTE: INFORPRESS