Líder do MpD considera que “excesso de confiança” ditou derrota na Praia e promete não discriminar
O líder do
Movimento para a Democracia (MpD) disse hoje que o “excesso de confiança” ditou
a derrota do seu partido no mais importante município do País e prometeu que,
enquanto primeiro-ministro, não fará “diferenciação nem discriminação
negativa”.
O presidente do MpD, que reagia em conferência de imprensa aos
resultados das eleições autárquicas realizadas este domingo, 25, afirmou que o
seu partido continua a ser o “maior partido autárquico” em Cabo Verde e que vão
analisar as razões que levaram os ventoinhas a sofrerem derrotas,
principalmente na câmara municipal da Praia e nas de São Domingos e Tarrafal de
Santiago, onde o Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV-oposição) nunca tinha sido poder, desde as primeiras eleições autárquicas
em 1991.
“A leitura que fazemos é que a democracia funcionou e, quando é assim,
temos que respeitar os resultados”, indicou Correia e Silva, que prometeu fazer
“a melhor leitura” sobre a derrota na Praia, que, segundo ele, foi uma
“surpresa” e “não era esperado por ninguém”.
“Iremos fazer uma avaliação tranquila e saber exactamente sobre o
que se passou, quais são as motivações e começar já a preparar a nova fase”,
prometeu Correia e Silva que garantiu continuar “focado na governação porque é
necessário para o País nesta fase da pandemia [da covid-19] e preparar o
partido para os próximos embates eleitorais, particularmente as
legislativas”.
Instado sobre as perspectivas para as legislativas que se realizam daqui
a seis meses, tendo em conta os resultados na Praia, o presidente do MpD
esclareceu que se trata de duas “eleições diferentes”.
“As eleições autárquicas e as legislativas são totalmente diferentes”,
admitiu, explicando que as eleições locais “representam uma vontade”, em que os
eleitores de um círculo não votam nos outros e os “resultados são a nível
local”.
Para Ulisses Correia e Silva, os resultados obtidos nas oitavas eleições
autárquicas vão ser uma “motivação adicional” para o MpD “reforçar” a sua acção
política.
Perguntado se a abstenção terá beneficiado o PAICV, apontou que foi
“elevada, particularmente na Praia” e que seria desejável que a maior parte dos
eleitores fosse às urnas votar.
“É preciso também ter em conta que estamos num contexto extremamente
difícil. É pela primeira vez que em Cabo Verde se realizam eleições num
contexto [de pandemia de covid] que impõe uma série de restrições às pessoas”,
precisou, acrescentando que esta situação pode ter indisponibilizado as pessoas
a saírem de casa para ir votar.
Na sua perspectiva, o partido “continua forte e a ser o maior partido
autárquico e de confiança dos cabo-verdianos”.
Considera, por outro lado, que há a necessidade de o MpD reforçar a sua
acção política junto dos seus militantes e simpatizantes, em ordem ao “combate
político forte” que é preciso que o partido continue a dar.
Relativamente a São Vicente, ressaltou que o partido ganhou num contexto
“difícil”, em que concorreram vários candidatos, mantendo-se o MpD como a
primeira força política, a União Cabo-verdiana Independente e Democrática
(UCID) se posiciona em segundo lugar e o PAICV na terceira posição “e isto tem
leituras”.
Em relação às autarquias, onde o MpD não tem a maioria absoluta, deixou
entender que haverá negociações para que o orçamento seja aprovado e citou a
experiência de S. Vicente, em que Augusto Neves governou com maioria simples,
tendo a câmara gerida até ao fim.
Indagado se terá havido falha na escolha de candidatos para os antigos
bastiões do MpD, como é o caso de São Domingos e Tarrafal de Santiago,
escusou-se a fazer este tipo de análise após os resultados.
“Agora é fácil dizer que se fosse outro candidato o resultado seria
diferente. Há aqui um grande espaço para os analistas fazerem as suas análises,
pelo que não seria eu a fazê-las”, pontuou Correia e Silva.
Sobre o relacionamento do Governo com a maior câmara do País, assegurou
que não tira uma única vírgula daquilo que tem sido o seu pronunciamento desde
2016, ou seja, a sua atitude e prática política.
“No Governo todas as câmaras são iguais e não haverá diferenciação nem
discriminação negativa. A parceria continuará, seja com que presidente de
câmara for”, reiterou Correia e Silva que espera que doutro lado “haja também o
mesmo comportamento e a mesma atitude”.
FONTE:
INFORPRESS