Maio: FMB considera equipa de futebol Barreirense uma referência na protecção das tartarugas marinhas
A Fundação
Maio Biodiversidade (FMB) considera os líderes da equipa de futebol Barreirense
e toda a população envolvente uma referência local e até nacional na campanha
de protecção das tartarugas marinhas.
Segundo divulgou a FMB, na revista Africam Sea Turtle Newsletter, a
equipa de futebol e os seus dirigentes assumiram, em 2019, a responsabilidade
de aumentar a conscientização sobre a conservação das tartarugas marinhas junto
da população da vila do Barreiro, transmitindo uma mensagem convincente, para a
mudança de hábitos, optando pela conservação da biodiversidade local.
“Na vila de Barreiro, onde o consumo era elevado, passou agora a ser um
exemplo notável em comparação com as outras, porque passou a ser a zona onde
havia maior consumo de fêmeas em nidificação na ilha para a zona com
praticamente zero apanhas das tartarugas em 2019”, informa, acrescentando que
isso foi graças a uma envolvência activa da população, fruto do trabalho da
equipa de futebol Barreirense e seus dirigentes na protecção.
“Nós queremos documentar este estudo de caso em que essas barreiras
foram superadas e os resultados foram claramente positivos, através do
compromisso dos membros da equipe de futebol local e do seu líder para aumentar
a conscientização sobre o valor da conservação da tartaruga cabeçuda (Caretta
caretta)”, indica a publicação.
O primeiro factor, de acordo com a FMB, tem que ver com uma transmissão,
nos órgãos de comunicação social, descrevendo a vila de Barreiro como a zona
onde se registava maior captura ilegal de fêmeas em nidificação na ilha do
Maio.
Alegou que possivelmente uma grande parte da população do Barreiro não
ficou satisfeita com essa classificação e se disponibilizou, por isso, em
reverter essa percepção negativa divulgada na comunicação.
O segundo factor exclusivo, defende a FMB, foi o compromisso activo do
clube de futebol Barreirense local de compartilhar a mensagem de conservação
com as suas famílias, fãs fervorosos e vizinhos, sublinhando que “há evidências
conclusivas de que a mensagem directa do presidente do clube de futebol aos
seus jogadores e a toda a comunidade teve um efeito positivo e aumentou a
consciência”.
“Graças a isso, não registamos nenhuma apanha tartarugas durante o
período de patrulha desde 2018”, congratula-se, referindo que todas as
tartarugas foram capturadas fora do período da patrulha.
Lembrou que entre 2013 a 2017, a polícia foi chamada todos os anos pela
equipa de patrulha, dois a quatro vezes, durante a nidificação, para apoiar a
equipa de patrulha, porque havia caçadores furtivos nas praias todas as noites.
A Fundação Maio Biodiversidade (FMB) está implementando a conservação da
cabeçuda nos últimos oito anos na ilha do Maio, para diminuir ou mesmo
“erradicar” a caça furtiva, desenvolvendo actividades de conscientização e
patrulhas nocturnas nas praias com os residentes locais a assumirem cada vez a
assunção desta missão.
Realça ainda o documento que os participantes nesta tarefa desenvolvem
visitas guiadas a incubadoras e praias de nidificação, o que constitui um meio
de subsistência alternativo para as pessoas melhorarem as suas qualidades de
vida, o que inclui a integração de líderes de equipas nacionais e
internacionais em cada área.
Durante o período da campanha de protecção, os líderes de equipa
coordenam as actividades de conservação e vivem nas comunidades com as famílias
locais, possibilitando assim que as proprietárias das casas rurais arrecadarem
algum montante financeiro.
O Governo de Cabo Verde aprovou, em 2018, a lei que criminaliza a
captura de tartarugas marinhas e o consumo ou comercialização de qualquer de
suas partes, o que está a ter um efeito positivo, ao permitir a diminuição,
gradualmente, da mortalidade de fêmeas em nidificação em todas as áreas.
A FMB assegura ainda que Cabo Verde hospeda uma importante subpopulação
de nidificação de cabeçudas, o que se deve, pelo menos em parte, a 20 anos de
trabalho de conservação nacional e ONG internacionais”.
FONTE: INFORPRESS