Covid-19: Mindelenses estão de acordo com uso de máscaras na via pública

Alguns mindelenses interpelados pela Inforpress concordam com a nova lei que impõe o uso de máscaras na via pública, que entra em vigor a partir de hoje, mas acreditam ser “exageradas” as multas aplicadas.

Alina Santos faz parte desta franja da população sanvicentiva, que considera ser uma “boa decisão”, já que nem todas as pessoas cumprem as medidas de prevenção e de etiqueta respiratória.

A jovem exemplifica com algo, que disse ter presenciado momentos antes da entrevista, de alguém que tossia muito e cuspia para o chão, sem usar máscara.

Daniel Oliveira também acredita ser a “coisa mais certa” já feita para evitar a propagação da covid-19.

“Se usamos a máscara dentro de repartições, quanto mais na rua onde está o vírus, praticamente”, defendeu, com a mesma opinião de Oliver Fonseca, que está “totalmente de acordo”.

“Se estivéssemos a proteger-nos há muito, neste momento não chegaríamos a esse ponto. O único culpado daquilo que está a acontecer, somos nós, e não devemos estar a apontar o dedo à câmara ou ao Governo”, sustentou o jovem, para quem deve-se agora arcar com as consequências.

A nova lei, conforme o aposentado José Ribeiro, deverá ser encarada com “tranquilidade”, por ser “boa para todos”.

José Gomes também acredita ser uma “boa ideia”, mas coloca a questão de pessoas com “alguma idade”, como ele, que tem dificuldade às vezes de respirar com a máscara.

“Mas, para o bem da saúde pública, temos todos que evitar a propagação, por isso é boa essa lei, mas há que fiscalizar a situação de agrupamentos, que ainda continuam a existir”, alertou, perguntando quem irá custear as máscaras das pessoas que “simplesmente não a têm”.

A jovem Myra Rodrigues também crê ser bom usar máscaras nas lojas e mesmo na cidade do Mindelo, onde há maior movimentação, mas já na porta da sua casa ou mesmo nos arredores desta considerou ser “desnecessário”.

O mesmo adjectivo usado por Natalina Pinto, que, como excepção, não vê a necessidade de estarem todos a usar máscaras na rua.

“Até porque tive o cuidado de verificar a lei e não diz que devemos estar sempre a usar, mas sim em actividades que implicam contacto com terceiros e que aumentem risco de contaminação”, sustentou a mesma fonte, apontando ainda a questão do clima quente de Cabo Verde, que não ajuda.

“E de resto sabemos, que se as outras ilhas estão assim, a culpa é de quem, é daqueles que deixaram as coisas irem e até fizeram campanhas, com autênticos carnavais”, lançou.

Já quanto à multa prevista, de 1.500 a 15.000, José Gomes considerou ser um “exagero e sem sentido”, quando as autoridades “deviam apostar mais na sensibilização”.

“Nem todas as pessoas a vão pagar, e muitas das pessoas nem têm trabalho para isso”, defendeu, com a mesma opinião de José Ribeiro, para quem é um “absurdo”, quando “muitas pessoas não têm nem dinheiro para pagar uma cavalinha, quanto mais pagar multas”.

Do outro lado da barricada, Daniel Oliveira está “totalmente de acordo” com as multas.

“Porque se não houver regras e normas, não vamos a lado nenhum”, asseverou.

A proposta de lei foi levada pelo Governo, com carácter de urgência, à primeira sessão parlamentar ordinária de Outubro, alargando a obrigatoriedade do uso de máscara facial – que já se aplicava desde Maio nos transportes públicos e no interior das empresas – a todos os espaços públicos, incluindo na via pública, independentemente do tipo de actividade.

Ficam de fora desta obrigação os menores de 10 anos e pessoas com problemas de saúde, aplicando-se a mesma em todo o território nacional, a pessoas em situação de contacto próximo na via pública que não partilhem a mesma residência, embora com excepções também para a prática de educação física com distanciamento social e prática de etiqueta respiratória.

Este regime vai substituir o que estava em vigor desde 02 de Setembro, cujo decreto-lei estipulava o uso de máscara facial nos espaços públicos como um “dever cívico de todos os cidadãos” e que “a actuação das forças e serviços de segurança” teria apenas “carácter pedagógico e orientador”.

O incumprimento da actual obrigatoriedade dá origem a aplicação de coimas entre 1.500 e 15.000 escudos e cujas receitas se revertem a favor da Serviço Nacional de Protecção Civil e do Instituto Nacional da Saúde Pública.

Cabo Verde registava até esta terça-feira 8.944 casos acumulados de infecções desde 19 de Março.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,9 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

 

 

 

 

FONTE: INFORPRESS

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