EUA/Eleições: Activistas e representantes da comunidade cabo-verdiana congratulam-se com eleição de Joe Biden
Activistas e
representantes da comunidade cabo-verdiana nos órgãos de poder em algumas
cidades dos EUA regozijam-se com a eleição de Joe Biden para Presidente da
República, e com a promessa de promover a igualdade racial.
Em declarações à Inforpress, o cabo-verdiano Moisés M Rodrigues,
ex-presidente da câmara de Brockton, que neste momento ocupa o cargo de
conselheiro municipal na mesma cidade, disse que brevemente terão uma
administração que entenderá e respeitará a comunidade emigrante.
“Valeu a pena trabalhar para eleger Joe Biden e Kamala Harris, esta
primeira mulher Vice-Presidente e minoritária nos EUA”, afirmou Moisés, para
quem “a comunidade está contentíssima com a eleição de Joe Biden”.
Por sua vez, a também cabo-verdiana Tina Cardoso, que também é
conselheira em Brockton, defendeu que se trata de um “momento emocionante” para
muitos cabo-verdianos nos EUA que “foram tão magoados pelo Trump”. Para Tina
Cardoso, o momento também é de esperança para os negros e emigrantes.
“Esta vitória representa a esperança de não apenas repararmos muitos dos
dados que o Trump fez, mas também de começarmos a enfrentar o racismo
sistémico, a desigualdade racial e a garantir os direitos dos imigrantes e das
pessoas de cor para aumentar a riqueza económica e a prosperidade”, declarou
Tina Cardoso, acrescentando que a eleição de Kamala Harris como a primeira
vice-presidente feminina negra “inspira muitas jovens negras, mostrando-as que
as suas vidas são importantes”.
Segundo o académico e docente cabo-verdiano nos EUA Júlio de Carvalho, a
eleição de Biden e de Harris é um “ar fresco para aquela terra que tem abraçado
os emigrantes desde a primeira hora”. Aliás, referiu, “os emigrantes são os
pilares dos EUA, porque, referiu, o país foi fundado com base nos valores dos
emigrantes”.
Para Júlio de Carvalho, Donald Trump tinha uma personalidade que não era
apropriada para ser presidente de um país e teve várias políticas que não se
encaixavam na sociedade norte americana. Mas, recordou que ele teve outros
momentos bem conseguidos como as políticas viradas para o empoderamento do
americano, para a produção interna, para a responsabilização do indivíduo e
para o combate ao abuso que alguns países faziam à sociedade e ao direito
intelectual americano.
Quem também se mostrou satisfeito com o desfecho destas eleições é
Cândido Rodrigues, ex-deputado do MpD para o círculo das Américas, e que neste
momento trabalha no departamento de Serviço Social do Estado de Massachusetts.
Apesar de ser Republicano, Candio disse que fez campanha pelo Biden e se sente
“muito aliviado” com a sua vitória.
“O que se espera do Biden é que seja um presidente para todos os
americanos. Ele fez questão de referir isto por várias vezes no seu discurso de
vitória. Unir América e reforçar os laços de amizade com o mundo será
certamente uma tarefa prioritária para Joe Biden”, considerou, acrescentando
que “travar uma luta contra a covid-19 e criar um ambiente saudável no País são
outras prioridades”.
Para Cândido Rodrigues, o racismo, despoletado com o assassinato de
George Floyd, a 25 de Maio, na cidade de Minneapolis, a má gestão da covid-19,
em que Donald Trump cometeu “erros grosseiros” que culminaram na morte de
vários americanos e a emigração são os factores que estão na base da sua
derrota.
Particularmente na questão da emigração, o mesmo lembrou que a linguagem
de Trump para com os emigrantes “criou uma onda de contestação sem limites,
separou filhos dos pais nas fronteiras e tratou os imigrantes como animais
selvagens”.
Também, o coordenador da UCID para a região das Américas, Ulisses
Centeio, defendeu que, com o novo presidente, “o mundo suspirou de alívio para
uma América forte economicamente, num contexto de paz com os seus aliados”.
“A diáspora espera pelo fortalecimento de laços de amizade a nível
diplomático e determinação nas ajudas que o país precisa. Contudo, com o novo
presidente, a expectativa da nossa diáspora é positiva”, comentou Ulisses
Centeio.
Para a mesma fonte, “ninguém duvidou da derrota de Donald Trump devido à
sua política maldosa em relação a algumas medidas tomadas, como a emigração, e
decisões precipitadas e impensadas com as organizações como a ONU, BM, o FMI e
a OMS”.
Mais moderado, Tó Faria, cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida,
representante do MpD na mesma cidade, empresário e activista cultural, explicou
que “nada vai mudar” em relação à política externa, no que concerne a Cabo
Verde. Mas, acrescentou que “as ajudas externas vão depender dos gastos
provocados pelo Covid-19”.
Ainda segundo Tó Faria, para quem trabalha numa empresa, o impacto desta
nova eleição “será totalmente dependente de que política económica a nova
administração vai implementar”.
Biden será o 46º presidente da história dos Estados Unidos e o mais
idoso a assumir o cargo — terá 78 anos na data da posse.
FONTE: INFORPRESS