Parlamento: MpD acusa PAICV de lançar desinformação sobre aval de 100 milhões de escudos concedido à CVA
O Grupo
Parlamentar do MpD acusou hoje o PAICV (oposição) de ter lançado uma campanha
de desinformação nas redes sociais, tentando colocar os cabo-verdianos contra a
decisão do Governo em conceder aval à Companhia Aérea Cabo-verdiana (CVA).
Durante uma declaração política na sessão parlamentar que hoje arrancou,
a líder do grupo parlamentar, a deputada Joana Rosa, disse que o PAICV ao invés
de situar-se ao lado da verdade, de defender os interesses do país, enquanto
uma oposição responsável, prefere desinformar as pessoas.
“Abocanha-se de uma estratégia que em nada contribui para o
desenvolvimento do país e nem contribui para que condições sejam criadas
visando recolocar a nossa companhia de bandeira a funcionar, com a abertura das
fronteiras prevista para breve”, disse.
Joana Rosa salientou que não há um único cabo-verdiano de bom senso que
não tenha entendido e compreendido os efeitos nefastos da covid-19 na aviação
civil em Cabo Verde e no mundo inteiro.
Por outro lado, sustentou que a privatização da TACV foi a melhor opção
que qualquer governo responsável deveria tomar, e realçou os resultados
conseguidos pela companhia desde a privatização até ao início da pandemia da
covid-19.
“Após a privatização da TACV em 2019, o Relatório da Política Monetária
do BCV é categórico em afirmar que o crescimento registado em 2019 ficou a
dever-se, sobretudo, ao significativo aumento das exportações líquidas e do
consumo privado. A CVA veio impulsionar os excelentes resultados da ASA, da
CVHandling, das empresas petrolíferas, das empresas de catering e da
diversificação da procura turística”, apontou.
Contudo, explicou que com a eclosão da covid-19 tudo “desmoronou-se” e a
CVA viu os aviões imobilizados e deixou de facturar e de ter receitas. No
entanto, disse, os custos com salários e com um conjunto de serviços fornecidos
por terceiros mantiveram-se, obrigando a companhia a ter de recorrer a banca
para fazer face às despesas.
Perante esta situação afirmou que o Governo não podia ficar sem fazer
nada, e por isso predispôs-se de imediato a garantir os salários aos
trabalhadores, tendo prestado um aval no valor de 100 milhões de escudos.
“Por detrás dos 100 mil contos estão 300 trabalhadores, que poderiam
estar hoje desempregados e sem rendimento para as suas famílias”, disse,
sublinhando que aquilo que o Governo tem feito está em linha com o que está a
acontecer em quase todo o mundo.
“Todos os países têm vindo a apoiar e a financiar as companhias aéreas,
porque com a covid, elas sozinhas não conseguem financiar os custos. Como
exemplo, tomemos a TAP, companhia portuguesa privatizada, com participação do
Estado. Com quase 600 milhões de euros de prejuízo, o Estado português aprovou,
em 17 de Julho deste ano, a concessão de um empréstimo de até 1.200 milhões de
euros à TAP, para salvar a empresa”, exemplificou.
Joana Rosa afirmou, por isso, que PAICV “não tem moral e nem
legitimidade ética” para criar “falácias e desdizer dos sucessos” conseguidos
pela CVA no pós-2016, numa excelente missão de serviço à nação.
Em reacção à declaração política do MpD, o deputado Julião Varela do
PAICV sublinhou que os avales aos TACV não iniciaram com a covid-19.
“É totalmente inverdade que os avales se deveram à covid-19. Na verdade
em 2017 o Governo já tinha concedido um aval de 1,4 milhões de contos, em 2018
cinco milhões de contos, mais 4,2 milhões de contos em 2019, em 2020 mais 2,9
milhões de contos e neste momento os avales já ultrapassam os 12 milhões de
contos”, precisou o deputado do PAICV.
Por outro lado, o deputado do principal partido da oposição afirmou que
não se conhece as contas da empresa até agora e desafiou o Governo a apresentar
as contas das empresas.
“Portanto, eu acho que é fundamental responderem para os cabo-verdianos
até onde o Governo está disponível a levar os cabo-verdianos a sacrificarem
para termos a TACV, porque neste momento a drenagem financeira é tão galopante
que já preocupa a todos os cabo-verdianos”, anotou.
Julião Varela pediu ao MpD que aproveite essa oportunidade para
clarificar quando é que os aviões vão regressar ao país, se o Governo já
recebeu os 48 mil contos pela venda dos TACV e se a empresa continua a ter o
certificado de operador aéreo.
FONTE:
INFORPRESS