Parlamento: PAICV acusa Governo de abandonar mundo rural e falta de investimentos no sector da agricultura
O PAICV acusou
hoje o Governo de ter abandonado as pessoas do mundo rural e da falta de
investimentos e implementação de políticas para dinamizar e desenvolver o
sector da agricultura durante os quatro anos de governação.
O deputado Moisés Borges, do Partido Africano da Independência de Cabo
Verde (PAICV) afirmou, durante o período de questões gerais, que o Governo
liderado pelo Movimento para a Democracia (MpD) votou ao abandono o mundo rural
desde 2016, quando venceu as eleições legislativas.
Acusou o executivo de incompetência no combate à praga dos gafanhotos,
ataques despropositados e de desprezar as barragens e os investimentos feitos
no sector da agricultura durante a governação do PAICV.
“Começaram com ataques às barragens, fazendo finca pé naquilo que eram
os problemas que as duas barragens apresentavam, ao invés de focar nas
soluções, focaram nos problemas e desprezaram de uma forma geral as barragens.
Nunca se avançou com os projectos hidroagrícolas para rentabilizar a água
retida nas barragens na ilha de Santiago”, afirmou.
É nesta senda, prosseguiu o deputado, que o PAICV apela aos
cabo-verdianos a se juntarem ao partido para solicitar mais sensibilidade do
Governo para com o mundo rural, mostrando-se, por outro lado, optimista que a
situação dos maus anos agrícolas venha a melhorar e que as pessoas do mundo
rural possam ser contempladas com mais apoios.
Por seu turno, a deputado do MpD, Lúcia Passos, destacou na sua
intervenção as medidas adoptadas pelo actual Governo para a promoção e
desenvolvimento do sector da agricultura, acusando o PAICV de ter inflacionado
o orçamento do referido sector com a construção das barragens.
“Temos investimento no sector da agricultura com impactos positivos na
vida dos agricultores, apesar dos três anos de seca, nós não abandonamos o
sector agrícola, temos mais investimentos, temos mais jovens a acreditarem no
sector da agricultura e pecuária e o Governo está a fazer um excelente trabalho
em termos de disponibilização de terrenos para as mulheres no mundo rural e o
acesso à água.
Não obstante os três anos de seca, reforçou Lúcia Passos, o país tem um
Governo preocupado com as famílias do mundo rural, tendo lembrado que o mesmo
implementou um programa de mitigação da seca e tem apostado nos investimentos
estruturantes para ajudar o país a ter mais resiliência tendo em conta o
contexto das mudanças climáticas.
“Apesar de anos de seca, nós não assistimos ao abandono do mundo rural
como no vosso tempo em que milhares de pessoas abandonaram o campo em 2014
mesmo com a existência das barragens, portanto, vemos aqui que temos uma
mudança de paradigmas do desenvolvimento do sector agrícola”, declarou.
Por seu turno, a UCID, através do deputado António Monteiro, lembrou que
o seu partido já tinha alertado ao Governo sobre a necessidade de criação de
condições visando permitir e garantir a utilização da água das barragens e
acusou o Governo de negligência na gestão da barragem do Canto de Cagarra.
Abordando concretamente a situação dos agricultores das zonas de Ribeira
de Vinha e Tchan de Holanda, na ilha de São Vicente, apelou ao Governo que
analise os problemas que têm afectado essa classe, que durante mais de um mês
não teve acesso a água para exercer a sua actividade, ficando assim sem conseguir
aumentar a produção agrícola.
“Nós gostaríamos de apelar ao Governo a fazer uma análise dessa e ajudar
os agricultores das zonas de Ribeira de Vinha e Tchan de Holanda, que foram
afectados com a falta de água, pedimos também para acelerarmos o tratamento das
águas residuais para se fazer uma agricultura com melhor qualidade”, disse.
O Governo, através do ministro da Agricultura e do Ambiente, Gilberto
Silva, refutou a acusação do PAICV relativamente ao abandono do mundo rural,
falta de investimentos no sector da agricultura e o desprezo das barragens,
salientando, que o mesmo tem apostado fortemente na promoção e desenvolvimento
do referido sector e melhoria de condições de vida das pessoas.
“Não faz sentido estarmos aqui a dizer quem despreza e quem não
despreza, temos o dever enquanto governantes de empregar muito bem o dinheiro
público porque é o dinheiro de todos os cabo-verdianos. Nós entendemos que aí
de facto houve muitas falhas, aliás, não somos nós que entendemos, os
cabo-verdianos já viram que barragens funcionam e que não funcionam”, afirmou.
Destacou os investimentos feitos pelo Governo no sector da agricultura,
as reformas no sector da água, apontando que o mesmo investiu cerca de 300 mil
contos na valorização hidroagrícola das barragens e que brevemente será
aprovada a legislação relativa à segurança e gestão das barragens.
Negou ainda a “incompetência” do Governo no combate à praga dos
gafanhotos, realçando que nesta matéria o executivo criou todas a condições
para que a luta contra as pragas, que tem afectado os agricultores, fosse
desencadeada com sucesso.
FONTE: INFORPRESS