REPORTAGEM/Uso de Máscara: Aumento de vendas “pouco significativo” nas farmácias do Mindelo
A lei que
obriga ao uso de máscara na via pública, em vigor desde o dia 05, fez aumentar
de forma “pouco significativa” a venda deste equipamento de protecção
individual nas farmácias do Mindelo, embora haja excepções.
Numa ronda, a Inforpress constatou que nesta primeira semana de vigência
da nova lei, a maioria dos responsáveis das farmácias de São Vicente garante
não ter notado “grandes diferenças” na venda desse apetrecho.
“Se houve aumento, não foi assim tão considerável que pudesse ser
percebido nestes poucos dias”, assegurou a directora técnica da Farmácia Nena,
Jaqueline Baptista, adiantando que, na verdade, as vendas de máscaras na ilha
aumentaram “há já algum tempo”.
A responsável da Farmácia Jovem, Aleida Gomes, por seu lado, também
considerou que não houve aumento nesta primeira semana, mas sim “muita saída”
deste equipamento de protecção individual na altura da abertura do ano escolar,
em que apresentaram kits com máscara e álcool gel para adultos e crianças, e
também durante a campanha eleitoral autárquica.
Um aumento já com um mês, também registado na Farmácia Mindelo, em que
houve “muitas vendas”, mas “não necessariamente relacionadas com a efectivação
da nova lei”, segundo a responsável.
Entretanto, há duas excepções, a Farmácia Higiene e a Farmácia do Leão,
em que, asseguram os responsáveis, a compra de máscaras “quase que triplicou”
nesta última semana.
“Acho que com a entrada da lei as pessoas tomaram mais consciência e por
isso temos vendido muitas máscaras mesmo, as vendas aumentaram muito”, garantiu
a farmacêutica Josefa Gomes.
A máscara, que neste momento pode ser considerada um bem de primeira
necessidade, devido à pandemia da covid-19, também passou a ser o produto mais
vendido na Farmácia do Leão, uma das mais frequentadas da cidade do Mindelo.
“Antes, o que vendíamos mais eram seringas, mas hoje com certeza são
máscaras, há pessoas a vir comprar até pelas 06:00 da manhã, antes de irem
viajar de barco para Santo Antão”, afirmou o funcionário Carlos Cruz,
adiantando que as saídas nos últimos dias triplicaram tanto em vendas por
unidades, como também por caixas.
A loja Medical Cabo Verde, que não é uma farmácia mas está ligada à
saúde e à medicina tradicional chinesa, igualmente registou um aumento na
procura em cerca de 50 por cento (%) nos últimos oito dias, informou a
atendedora Paula Cruz.
Até porque também apresentam uma promoção em que uma caixa de 50
unidades de máscaras descartáveis e um frasco de 500 ml de álcool gel ficam por
1.300 escudos.
“Temos vendido muito e acredito que a lei de obrigatoriedade também
ajudou na consciencialização”, considerou Paula Cruz.
Vendendo mais ou vendendo menos, todas as farmácias e também a Medical
Cabo Verde confirmam “maior saída das máscaras cirúrgicas descartáveis”, que
aumentaram de preço na altura do início da pandemia.
Na época podiam ser compradas por mais de cem escudos, mas agora os
preços baixaram consideravelmente, entre 30 e 70 escudos, em farmácias e
em outras lojas, inclusive as lojas dos chineses.
Até porque, são também as que mais os mindelenses têm usado, entre estes
o aposentado José Pedro Rosário que disse que também obriga a sua empregada
doméstica a usá-las durante o trabalho.
As jovens Iva Amado e Ana Zego, tanto quanto o aposentado Herculano
Lima, igualmente preferem as máscaras descartáveis pelo “conforto” que
oferecem.
Mas, nem todos são da mesma opinião. Nelson Maocha e Arlindo Rosário
confirmaram usar somente as máscaras comunitárias, que compram a 150 escudos em
costureiros e vendidas nas farmácias por 200 a 400 escudos, e que podem ser
reutilizadas várias vezes após uma “simples lavagem”.
“Sempre poupamos mais dinheiro no final do mês”, afirmaram ambos, que
estão igualmente de acordo quanto ao aumento do número de pessoas a utilizarem
máscaras, após a entrada em vigor da lei que obriga ao uso de máscara na via
pública.
Mais crítico, José Pedro do Rosário pediu maior fiscalização e aplicação
das coimas, que vão de 1.500 a 15 mil escudos, porque, “muitas pessoas não
estão a cumprir a lei, especialmente os estudantes”, denunciou.
FONTE: INFORPRESS