PR reconhece que crianças e adolescentes cabo-verdianos são os mais vulneráveis e afectados pelos problemas sociais
O Presidente
da República, Jorge Carlos Fonseca, reconheceu hoje que as crianças e os
adolescentes cabo-verdianos continuam a ser os mais vulneráveis e afectados por
diversas problemáticas sociais que prejudicam o seu desenvolvimento, bem-estar
e projectos de vida.
Jorge Carlos Fonseca, que presidia ao Parlamento
Infantojuvenil 2020, que decorreu na Assembleia Nacional sobre o lema “Um dia
para reimaginar um futuro melhor para cada criança”, realçou que o momento tem
ainda maior significado por se pretender dar resposta às recomendações feitas
pelas próprias crianças e adolescentes no Parlamento Infantojuvenil 2019.
O Chefe do Estado, que destacou, no seu
discurso, que as crianças e os adolescentes são “a maior esperança de um futuro
melhor, com menos vulnerabilidades sociais e sofrimento”, salientou, por outro
lado, que o Parlamento Infantojuvenil 2020 demonstra que o direito das crianças
e dos adolescentes a exprimir opiniões e participar nos assuntos que lhes dizem
respeito é levado a sério em Cabo Verde.
“A sua voz é ouvida e a sua participação é tida
em consideração na preparação de políticas, programas e acções direccionados
para o sector infanto-juvenil. O direito à participação constitui um dos mais
importantes direitos das crianças e dos adolescentes e está consagrado na
Constituição da República de Cabo Verde”, disse.
Sublinhou, por outro lado, que a realização do
evento no Dia Mundial das Crianças, em celebração ao 31.º aniversário da
Convenção dos Direitos das Crianças, demonstra a importância que o país concede
a esta questão.
Referindo-se ao tema em debate, o alcoolismo,
Jorge Carlos Fonseca considerou que o abuso do álcool é uma das problemáticas
que tem afectado enormemente a vida das crianças e dos adolescentes no país.
Perante esse facto lembrou ainda que um contacto
com bebidas alcoólicas demasiado precoce, em idades muito jovens, e uma forte
exposição a uma cultura de consumo abusivo do álcool, gera frequentemente
situações graves de negligência dos cuidados básicos e protecção, violências física,
psicológica e sexual, assim como malefícios físicos e psico-sociais.
“É com o objectivo de romper com este ciclo e
promover uma maior consciencialização e responsabilidade, aliado a um menor
acesso a bebidas alcoólicas, particularmente de má qualidade, que tenho estado
a desenvolver a Campanha de Prevenção do Uso Abusivo do Álcool “Menos Álcool,
Mais Vida”, afirmou, indicando que o mesmo projecto está a preparar um programa
infanto-juvenil sob o lema “Zero Álcool, Mais Energia”.
O Chefe do Estado, que considerou “fundamental”
a discussão deste tema com as crianças e os adolescentes para a prevenção dos
malefícios do uso do álcool no país e para a promoção de estilos de vida mais
saudáveis, sustentou ainda que o abuso e a exploração sexuais de menores são
outro grande mal que precisa ser erradicado da sociedade.
“Nenhuma criança, nenhum adolescente, nenhuma
família e comunidade deveriam ter de enfrentar a dor e os traumas causados pela
violência sexual. A inocência e o desenvolvimento próprios desta fase da vida
humana são brutalmente rompidos e adulterados por esse tipo de violência que
marca muito além do físico e causa um sofrimento totalmente evitável”,
acrescentou.
Para o Presidente da República, o Estado e a
Sociedade, incluindo as próprias crianças e adolescentes, as famílias, as
organizações da sociedade civil, a comunicação social e todos os cidadãos de
modo geral devem constituir uma frente para combater “firmemente” este flagelo.
Para isso, considera ser fundamental o reforço
das acções preventivas no sentido de impedir que as crianças e os adolescentes
sejam vítimas e, quando não for possível evitá-lo, que sejam protegidos e
tratados com o máximo de cuidado e atenção, de modo a evitar a intensificação
dos traumas e da sua vulnerabilidade.
“É preciso, pois, um enquadramento jurídico
adequado, um processo judicial mais célere e justo e as condições materiais
para a sua efectiva aplicação, por exemplo, no que diz respeito às salas de
escuta única ou as medidas de coacção impostas”, defendeu.
Pelo facto de se estar a viver tempos difíceis
devido à pandemia de covid-19, o que poderá levar a uma maior vitimização das
crianças e dos adolescentes e um menor acesso a espaços de denúncias, levando
ao silenciamento das vítimas e dificultando a sua protecção, assim como a
reposição da justiça, o PR apelou a todos a serem criativos e ágeis na defesa
dos mais vulneráveis, de forma a continuar a garantir que tenham voz e
encontrem o auxílio necessário.
A Convenção dos Direitos das Crianças, adoptada
pelas Nações Unidas em 1989 e ratificada em Cabo Verde em 1991, de acordo com
Jorge Carlos Fonseca, tem alicerçado a visão das crianças e dos adolescentes
promovendo, por um lado, a consciência da sua vulnerabilidade e necessidade de
atenção, cuidado e protecção especial e, por outro lado, vislumbrando e
aproveitando destas a potencialidade e perspectivas, próprias do mundo que os
rodeia.
Para concluir, o Presidente da República
considerou de “extrema importância” a realização de espaços que promovem a
auscultação, o diálogo e a participação das crianças e dos adolescentes em
assuntos tão importantes que os afectam, directa e indirectamente.
FONTE: INFORPRESS