Retrospectiva/Economia: Câmaras de comércio falam em “ano negativo” por causa dos impactos da covid-19
Cidade da Praia –
As câmaras de comércio do Barlavento e do Sotavento classificam o ano de 2020
como “mau para a economia”, isso devido aos impactos da pandemia da covi-19 que
“parou as empresas, reduzindo para zero as produções”.
Em
declarações à Inforpress, o presidente da Câmara de Comércio do Sotavento
(CCS), Jorge Spencer Lima, considerou que 2020 é um ano que todo o mundo
esperava para ser um ano bom, na medida em que vinha na sequência de 2019, em
que “as coisas correram bem”.
“Esperávamos
uma consolidação da economia, dos empregos, sobretudo. Mas, a partir do mês de
Março começaram a sentidos os efeitos da pandemia e começamos a dar marcha para
trás. Podemos dizer que o ano 2020 é um ano para esquecer”, completou Jorge
Spencer Lima.
O
presidente da Câmara de Comércio do Sotavento prosseguiu afirmando ainda que
2020 é “um ano perdido em todos os sectores”, em que a produção “esteve parada
vários meses, o consumo diminuiu drasticamente e as empresas viram as suas
receitas a caírem de uma forma drástica”.
“Houve
uma desconfiança generalizada das pessoas que também teve os seus efeitos
negativos na economia, nas empresas e na vida deste País. Tivemos momentos de
produção zero, a retoma não aconteceu como se esperava, tem sido lenta, ainda
temos muitas empresas, sobretudo as empresas na área do turismo, que continuam
fechadas com produção zero. Tem sido uma no muito difícil para Cabo Verde”,
acrescentou.
Jorge
Spencer Lima afirmou ainda que a” retoma não vai ser fácil”.
“Previmos
algumas melhorias a partir do Julho do próximo ano e uma retoma efectiva só em
2023. As empresas muito não vão sobreviver a esta pandemia”, defendeu.
O
presidente da Câmara de Comércio do Barlavento (CCB), Jorge Maurício, por seu
lado, caracteriza o ano 2020 do ponto de vista económico como “um não ano
económico”.
“De
facto, a situação ainda continua muito difícil para maior parte das empresas,
para o próprio Estado, na arrecadação das receitas fiscais, e para os
trabalhadores”, prosseguiu Jorge Maurício, completando que “nenhum orçamento ou
plano de actividade de 2019 foi executado em 2020 de forma normal”.
O
presidente da Câmara de Comércio do Barlavento indicou ainda que a
produtividade desapareceu, o PIB caiu “abruptamente”, o desemprego aumentou, as
falências aumentaram e que, de facto, a situação macroeconómica “continua muito
difícil”, com muita imprevisibilidade e com um “cenário difícil” para todos os
agentes económicos.
“O
Governo foi muito assertivo nas medidas, também devido ao alinhamento com os
parceiros da concertação social, nomeadamente as câmaras de comércio, foi em
tempo útil, mas o estrago é de tal forma que todo o suporte acaba por não ser
suficiente”, acrescentou.
Jorge
Maurício afirmou ainda que não conseguiu salvar todas as empresas, dar suporte
a todos os empregos, minimizar os efeitos no rendimento de todas as famílias,
manter a produtividade de todos os agentes económicos e nem manter o mesmo
nível de receitas fiscais no País.
“Em
resumo fica o agridoce no sentido de saber que as medidas são essas, o lay-off,
as moratórias, as ferramentas de linha de crédito, são todas, de facto,
assertivas, bem-vindas, mas às vezes nem sempre, a burocracia também dificulta
muito. Às vezes, mais do que fazer ou ter as medidas é elas serem eficazes. Nem
sempre todas elas foram eficazes ao longo dos tempos. Foram muitos meses”,
finalizou.
Inforpress