Retrospectiva/Eleições: Apesar da pandemia a participação dos eleitores foi superior ao das eleições de 2016
A realização
das eleições de 25 de Outubro, em plena pandemia de covid-19, foi um grande
desafio para a CNE, que teve que lidar com muitos condicionantes externos e
factores imprevisíveis, como confessou a presidente da comissão.
Ao contrário do que se esperava, a taxa de
abstenção situou-se em 39%, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições
(CNE) inferior à taxa registada nas eleições de 2016, que foi de 42,1%.
De acordo com a CNE houve aumento do número de
votantes na ordem 12.695 eleitores, mais de 2% comparativamente com as eleições
de 2016, com a taxa de participação a situar-se em 61%. Dos 336.642 inscritos,
196.732 deslocaram-se às urnas para exercer o seu direito.
A presidente da CNE, Maria do Rosário Gonçalves,
considerou que as eleições decorreram num contexto difícil, mas afirmou que os
constrangimentos não reduziram a competitividade e nem o debate
político-eleitoral.
O calendário eleitoral não foi alterado, o tempo
de campanha eleições não foi reduzido, não houve leis restritivas das
actividades de campanha dos candidatos e não houve interferências
administrativas da CNE e nem das forças de segurança nas actividades eleitoral.
Entretanto, nem tudo decorreu de feição com as
candidaturas a desrespeitaram, o distanciamento social recomendado pelas
autoridades sanitárias e constante do código conduta definido para o período de
campanha, facto que foi reconhecido pelo próprio Primeiro-ministro e líder do
MpD, que afirmou que os políticos estivem mal na fotografia.
Algumas insuficiências logísticas e operacionais
foram igualmente registadas durante o processo, condicionando os trabalhos das
mesas de voto e atrasos significativos em alguns círculos eleitorais, que,
entretanto, foram prontamente ultrapassadas.
Por outro lado, a CNE recebeu e apreciou 77
queixas das quais 20 foram encaminhadas ao Ministério Público e sete foram
sujeitas ao processo de contra-ordenações eleitorais.
Em termos de inovações é de destacar a
implementação da política de género, com resultados a nível da participação e
eleição das mulheres para os órgãos autárquicos (mais 15% de mulheres foram
eleitas), a implementação do voto acessível, que culminou na introdução da
matriz Braille para eleitores cegos e trabalhos de adaptação das assembleias de
voto com rampas.
Dentre outras inovações está a redução do número
de eleitores para até ao máximo de 300 pessoas para evitar a aglomeração de
pessoas e a propagação do vírus.
A CNE lamentou o facto dos eleitores internados
com covid-19 e pessoas em isolamento profilático não terem sido contemplados
com o regime excepcional de voto antecipado, assim como aconteceu com outros
doentes internados e presos.
Por isso, já pensando nas próximas eleições
legislativas, que devem acontecer entre Março e Abril, propôs já a definição
atempada de um quadro legal para adequar as eleições ao contexto da covid-19 de
forma a garantir aos eleitores exerçam o seu direito de voto.
Participaram nas eleições autárquicas de 2020 um
total de 16 listas, sendo quatro propostas por partidos políticos (MpD, PAICV,
UCID e PP) e 12 independentes, totalizando 65 candidaturas.
Os dados indicam que MpD venceu em 14 das 22
câmaras municipais, designadamente Ribeira Grande, Paul e Porto Novo, em Santo
Antão, São Vicente Ribeira Brava e Tarrafal em São Nicolau, no Sal, Maio, Santa
Catarina do Fogo, São Lourenço dos Órgãos, São Salvador do Mundo, Santa
Catarina e São Miguel.
Já o PAICV ganhou em oito designadamente Praia,
Ribeira Grande de Santiago, São Domingos, Santa Cruz e Tarrafal na ilha de
Santiago, São Filipe e Mosteiros na ilha do Fogo e Boa Vista.
A derrota de Óscar Santos, candidato do MpD
e eleição de Francisco Carvalho do PAICV, na Praia, foi a grande surpresa
destas eleições.
FONTE: INFORPRESS