Líder do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Financeiras diz que 2020 foi um ano “negro”

Cidade da Praia, 31 Dez (Inforpress) – O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Financeiras de Cabo Verde (STIF) disse hoje que o ano de 2020 foi “negro” para os que laboram em instituições financeiras, que não viram atendida a maior parte das suas reivindicações.

“Este, se calhar, é o pior ano [para os trabalhadores das instituições financeiras] se compararmos com os anos anteriores, em que conseguimos alguma coisa em termos de ajustamento salarial”, anunciou Aníbal Borges, indicando que, a nível do sector financeiro, apenas a Impar (empresa seguradora) e o Banco Comercial de Negócios (BCN) fizeram isto.

Em declarações à Inforpress, afirmou que a questão central das reivindicações tinha a ver com o reajustamento salarial, o pagamento do prémio de produtividade e a devolução dos descontos feitos a mais aos reformados.


Considera que 2020 foi um ano de “muitos conflitos laborais” e de congelamento salarial.


“Decidiram comunicar aos trabalhadores que amanhã, último dia do ano, vão fazer o pagamento do prémio de produtividade”, precisou o líder do STIF, que lamenta o facto de a maior parte das reivindicações não terem sido atendidas.


Segundo ele, as instituições financeiras, para não chamarem de prémio de produtividade, “inventaram um outro nome” para designar “remuneração variável”.


Para Aníbal Borges, a chamada remuneração variável “não corresponde àquilo que os trabalhadores esperavam”, porque, precisou, “a percentagem é bastante baixa”.


“Uma pessoa com avaliação de ‘Muito Bom’ só vai receber 65% (por cento) e, quem tiver avaliação inferior, a percentagem varia entre os 45 a 33%”, deplorou o presidente do STIF, acrescentando que “foram excluídos todos os reformados que trabalharam ao longo de 2019″.


Na sua perspectiva, isto não faz sentido porque, cita o exemplo, uma pessoa que foi para a reforma em Dezembro de 2020 “fica sem o seu prémio de produtividade relacionado com 2019”.


“Isto é extremamente injusto”, apontou o presidente do STIF, para quem o atendimento às reivindicações dos trabalhadores ficou aquém do desejado e, por isso, já estão a contactar com os mesmos para decidirem o próximo passo a dar.


Instado se o próximo passo pode ser uma greve, Aníbal Borges não descartou esta hipótese.


“Dos contactos feitos constatámos que os trabalhadores estão cada vez mais decididos em avançar para uma greve. Inicialmente, muitos temiam, mas agora acreditam que há razões de sobra para esta luta”, admitiu.


Perguntado se esta greve é para os primeiros dias de Janeiro, respondeu que não, tendo em conta, de acordo com as suas palavras, que há aspectos legais que terão que ser cumpridos, nomeadamente o prazo.


“Neste momento, estamos a fazer os contactos e só iremos avançar se tivermos garantias que, pelo menos, a maioria dos trabalhadores irá aderir à greve”, afiançou Borges


Conjecturou, entretanto, para finais de Janeiro uma paralização nas instituições financeiras do País, “sempre se estiverem reunidas as condições para o efeito”.


Para Aníbal Borges, hoje, a pandemia da covid-19 é “justificação para tudo”, mas reconheceu que o sector financeiro “não teve nenhuma baixa” por causa desta situação.


Daí defender que, depois de conhecer os resultados obtidos pelas instituições financeiras no fim do ano, e, com base nisto, o STIF “reforçará as críticas que vem fazendo”.


LC/JMV
Inforpress/Fim


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