Embaixada da França em Cabo Verde promove Projeto “Percurso Jacques Cousteau”
Conforme uma nota a que este diário digital teve acesso, o “Percurso Jacques Cousteau” é um projeto inovador em Cabo Verde, que visa sensibilizar a comunidade local e os visitantes sobre o uso sustentável do património natural no desenvolvimento comunitário. “O Projeto continua assim, para dar continuidade do legado Cousteau, que tanto promoveu a defesa e a salvaguarda do meio ambiente para as gerações futuras”, diz a organização em comunicado.
Convém ressaltar a Baía do Inferno, conhecida como Baía de Santa Clara, na ilha de Santiago, tornou-se um lugar, universalmente devido às experiências realizadas alí, por Jacques-Yves Cousteau, acompanhado pelo biólogo Théodore Monod e pelo Físico, Auguste Piccard.
“O objetivo da missão realizada em Outono de 1948, era testar o batiscafo de Piccard e explorar o fundo marinho nas profundidades inacessíveis ao mergulhador. Durante as expedições realizadas por Cousteau, ele apercebeu-se da fragilidade do mundo que estava explorando e chegou à conclusão de que devemos realmente proteger o oceano e todas as suas maravilhas”, diz o documento.
De salientar que a Embaixada da França em cabo Verde apoiou a Associação Lantuna para criar na comunidade de Porto Mosquito o “Percurso Jacques Cousteau”, focado na dissiminação das experiências deste investigador, na Baía do Inferno e no conhecimento do património natural desta área. “Aliás, o projeto consistiu na criação de vários murais nas paredes das casas da comunidade, que abordaram temáticas relacionadas com as experiências de Cousteau, biodiversidade local, ameaças causadas pela poluição e mudanças climáticas e a vivência histórica da comunidade de Porto Mosquito”, diz a nota.
Sobre Jacques-Yves Costeau – romântico dos oceanos
Segundo alguns escritos, esta personagem, universalmente conhecida, passou no mínimo, três vezes pelas ilhas de Cabo Verde. Apesar de não se considerar cientista, deu um contributo significativo para o estudo do meio marítimo. Durante a Segunda Guerra Mundial, como oficial da marinha francesa, aperfeiçoou o equipamento de mergulho livre, que é desde então, e até hoje utilizado. Mais tarde, ficou mundialmente conhecido como realizador de filmes sobre biologia e arqueologia marítimas.
A sua produção “Le monde de silence” foi um autêntico sucesso de cinema, caso bastante inédito já que se tratava de um documentário de vulgarização científica. Depois disso, todos os trabalhos que geralmente resultavam das expedições da draga Calypso, eram comprados pela televisão, ansiosa, no seu auge dos anos sessenta e setenta, para divulgar conteúdos inovadores. As experiências da equipe de Cousteau permitiam, não só melhorar as maneiras de captação da imagem no meio subaquático, mas também criaram novos formatos de filme documental, onde a aventura, inspirada em histórias como a Ilha de Tesouro de Robert Louis Stevenson, une-se a uma explicação cientifica livre do jargão académico e acessível para todos os públicos.
Para a fonte deste jornal, Cousteau postulou a autonomia do estatuto epistemológico da oceanografia como disciplina resultante do cruzamento de diferentes ciências naturais aplicadas ao meio marítimo. Trata-se de um exercício de interdisciplinaridade cuja prática se revelou, na realidade, transdisciplinar uma vez que se entrosava com um savoir-faire das populações marítimas das costas oceânicas, resultando em soluções inesperadas que a simples aplicação científica não alcançava. O lema dele era cultiver la curiosité, que realizava através dos livros e dos filmes, propagando assim a sua postura filosófica que consistia na “l’extension de l’être par le savoir”. Com esta perspetiva criou a Confederation Mondiale des Activités Subaquatiques (CMAS), organização que, entre outras tarefas, certifica formações e competências em mergulho desportivo.
Os livros e os filmes de Cousteau, embora muitas vezes realizados com os meios técnicos muito inferiores aos actuais, não perderam muito da sua atractividade e continuam a ser reeditados após a morte do autor. “Da nossa parte consideramos que no caso de Cabo Verde, podiam ter também uma utilidade pedagógica particular devido à omnipresença do mar, “conforme um estudo sobre a memória de experiências de Cousteau realizado em Cabo Verde .