Guiné-Bissau Presidente admite convocar eleições se persistir o impasse político
«Peço unidade em todas as religiões da nossa terra, unidade entre os titulares dos órgãos de soberania, unidade entre líderes de partidos políticos, entre todas as tribos da Guiné-Bissau», afirmou José Mário Vaz, citado pela Lusa, num discurso proferido num encontro com os líderes muçulmanos, no âmbito do final do Ramadão.
No discurso, o chefe de Estado guineense salientou a necessidade de haver união devido aos desafios que o país vai enfrentar nos próximos 90 dias, incluindo com a saída da força de interposição da CEDEAO, a Ecomib, do país em outubro.
«Cada um de nós deve dar o seu melhor para conseguir defender os desafios que temos pela frente nos próximos 90 dias. Temos o desafio de mostrar que os guineenses são capazes de fazer. Não podemos ser como crianças, quando choramos dão-nos leite e quando choramos dão-nos papa. Somos um Estado soberano e temos de assumir as nossas responsabilidades», salientou o chefe de Estado.
Conforme a mesma fonte, outro desafio, para o Presidente guineense, é alcançar um entendimento e encontrar uma solução para o Governo.
«Peço entendimento entre os partidos, sobretudo PAIGC, PRS e Grupo dos 15. Se não há entendimento entre eles é impossível o programa do Governo e o Orçamento Geral de Estado serem aprovados», disse, pedindo o envolvimento de todos.
O Presidente avisou, contudo, que se não houver entendimento vai devolver o «poder ao seu dono», que é o povo. «Se não conseguirmos chegar a uma solução entre nós, eu, como Presidente da República, devolvo o poder ao seu dono e o dono do poder é o povo. Devolvo o poder ao povo da Guiné-Bissau para escolher quem devem escolher», disse.
«Estamos aqui porque nos escolheram e se há problemas temos de devolver o poder ao povo para que decida sobre ele, porque não podemos continuar com a situação que temos na nossa terra», acrescentou.
Segundo ainda a Lusa, na sua declaração, o Presidente esclareceu também que há dinheiro para convocar eleições antecipadas.