Dia Nacional do Pescador assinalada com missa em homenagem a pescadores e marcha pelas ruas
São Filipe, 04 Fev (Inforpress) – O Dia Nacional do Pescador, que se celebra sexta-feira, 05, é assinalado na ilha do Fogo com a celebração de uma missa em memória dos pescadores que perderam a vida no mar e uma marcha pelas ruas da cidade.
De acordo com a programação da comemoração do Dia Nacional dos Pescadores, cujo lema é “Celebrar o mar, valorizar o pescador”, a missa está prevista para as 18:00 horas.
Para o período de manhã, prevê-se a concentração das pessoas na comunidade de Columbia, que no passado dia 19 de Janeiro perdeu três pescadores nos Ilhéus Rombos, dos quais o corpo de um deles até hoje não foi recuperado.
A marcha parte deste bairro e pass pelo largo de Cruz dos Passos, Correios, câmara municipal, CV Telecom, delegacia de Saúde até a rotunda de Xaguate, seguindo depois o cortejo de carro até o porto de Vale dos Cavaleiros.
Aqui, prevê-se a transmissão de mensagens de condolências por parte do presidente da Associação dos Pescadores de São Filipe, do presidente ou representante da autarquia e do ministro da Economia Marítima, ao que se segue ao lançamento de flores ao mar em homenagem aos pescadores que perderam a vida na faina pesqueira.
O Dia Nacional do Pescador é celebrado anualmente no dia 5 de Fevereiro e, este ano, o Ministério da Economia Marítima decidiu comemorar esta efeméride durante todo o mês, para valorizar o papel do pescador e perceber a importância que o sector das pescas tem para o desenvolvimento do País, principalmente no contexto da pandemia que pôs em causa a segurança alimentar de muitas famílias.
Com relação a ilha do Fogo, alguns pescadores e o próprio presidente da associação da classe, Jorge Nilton, lembram que no ano passado o ministro da Economia Marítima tinha anunciado que o Governo ia investir 15 mil contos no sector da pesca na ilha do Fogo para equipar os pescadores com kits contendo equipamentos de segurança, desde coletes, reflectores e GPS, para que estejam mais seguros na faina da pesca, mas que “não receberam quaisquer equipamentos”.
Segundo o mesmo, os pescadores ainda não foram contemplados com estes equipamentos e nem com formação, sublinhando que a associação não recebeu qualquer feedback das autoridades sobre a disponibilização dos equipamentos de segurança.
Além dos kits com equipamentos de segurança, no quadro do investimento para 2020, o ministro tinha anunciado a instalação de duas máquinas de produção de gelo, em São Filipe e nos Mosteiros com capacidade para 1.500 kilos de gelo/dia e conservação de 36 metros cúbicos.
O anúncio de investimentos incluía ainda a aquisição de caixas e paletes para desembarque de pescado, de entre outras acções que estão por realizar, lembrando que o anterior ministro da Economia Marítima tinha prometido instalar uma máquina de produção de gelo nas imediações do cais de pesca.
Para o presidente da associação, o sector da pesca a nível da ilha não deve ser esquecido, mas antes enquadrado nos projectos previstos para o ano de 2021 para minimizar as dificuldades e entrar no seu desenvolvimento.
A pesca na ilha do Fogo é essencialmente artesanal, e de acordo com os dados estatísticos de 2019, existem 460 pescadores, 20 mergulhadores, 47 peixeiras e 204 embarcações de pesca distribuídos por 15 pontos de desembarque de pescado.
Não obstante a tragédia do dia 19 de Janeiro, mais uma, que retirou a vida a três pescadores, muitos continuam a deslocar-se aos Ilhéus apesar de saberem que as embarcações de pesca artesanal não podem ausentar mais de três milhas da costa.
A justificação que apontam é a escassez de peixe junto à costa da ilha e que para garantir a sobrevivência das famílias, continuam a atravessar o canal em embarcações de bocas abertas e de tamanho reduzido e para deixar de fazer apelam às instituições governamentais no sentido de criar as condições, nomeadamente de financiamento de embarcação de maior dimensão e instalação de dispositivos de concentração de pescados.
O presidente da associação dos pescadores defende que os pescadores devem respeitar as legislações em curso, sublinhando que tem aconselhado os seus companheiros a não se deslocarem aos Ilhéus Rombos, não obstante a difícil situação que tem encontrado nas actividades pesqueiras.
Um levantamento da situação socioeconómico dos pescadores que operam nos Ilhéus, realizado pelo projecto Vitó, dá conta que entre Setembro e Dezembro de 2020 perto de 130 pescadores, sendo 70 da ilha Brava, da Furna e Lomba, e 55 da ilha do Fogo, sobretudo de São Filipe e zona norte da ilha, deslocaram-se aos Ilhéus Rombos.
JR/AA
Inforpress/Fim