Portos de Cabo Verde começam o ano a acentuar perda de passageiros
De acordo com o último relatório de tráfego da Enapor, empresa pública cabo-verdiana responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, foram movimentados em janeiro menos 17,3% de passageiros face a dezembro (que tinha então aumentado 30,6%, a primeira subida em quatro meses).
A quebra no movimento de passageiros é ainda maior quando comparada com janeiro de 2020, antes dos efeitos da pandemia de covid-19, com uma descida homóloga de 45,2% no primeiro mês de 2021.
A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo atualmente a única empresa a operar neste setor no arquipélago.
Do total de passageiros em janeiro, 37,3% representou o movimento no Porto Grande e 31,2% no Porto Novo, respetivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão. O Porto da Praia, capital do país, registou uma quota de 8,6% do total, com um movimento que desceu para 5.381 passageiros, indica-se no relatório, a que a Lusa teve hoje acesso.
Ainda em janeiro, os portos de Cabo Verde movimentaram 477 escalas de navios, um aumento de 24% face a dezembro e menos 31% comparando com o movimento em janeiro de 2020. O movimento de mercadorias também desceu em janeiro, 17,8% face a dezembro, para 172.544 toneladas, uma quebra de 24,6% em termos homólogos.
Os portos de Cabo Verde movimentaram em 2020 um total de 757.011 passageiros, uma quebra de quase 30% face ao ano anterior, explicada com os efeitos da pandemia de covid-19, que obrigou à suspensão das ligações interilhas.
De acordo com o relatório de tráfego anual elaborado pela Enapor, no espaço de um ano foram transportados menos 314.249 passageiros (-29,3%).
As ligações marítimas de passageiros foram suspensas pelo Governo de Cabo Verde entre final de março e meados de maio, com o estado de emergência, para conter a transmissão da covid-19.
Desde 03 de setembro que os navios que garantem essas ligações interilhas podem usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em maio, devido à pandemia de covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.
As alterações visam especificamente o transporte marítimo, alterando a definição anterior, que obrigava a que a lotação dos navios devia “respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros”, o que se traduzia, até então, numa ocupação máxima de 50% da capacidade dos navios.
Aquando da aprovação desta resolução, o Governo explicou que as alterações permitiriam às viagens interilhas com tempo de duração inferior a três horas e meia uma ocupação de 100%. A medida pretendia “manter a vigilância e reforçar as medidas de combate ao covid-19”, mas também “iniciar uma atividade gradual da retoma económica e circulação das pessoas entre as ilhas por via marítima”.
A administração da CV Interilhas admitiu em agosto perdas de 4,5 milhões de euros em 2020, devido à covid-19, necessitando de uma compensação financeira do Estado.
O Governo cabo-verdiano já antecipou o objetivo de rever o contrato de concessão do serviço público de transporte marítimo interilhas de passageiros e mercadorias, atribuído à CV Interilhas, que face às ligações comercialmente deficitárias recebe um subsídio do Estado. A Semana com Lusa