Milhares manifestam-se no Mindelo contra política centralista: Um cartão amarelo à Câmara e ao Poder Central
Milhares de são-vicentinos saíram hoje,05, à rua para protestarem contra o «centralismo da Capital» e reivindicar políticas públicas activas para gerar mais emprego e tirar São Vicente da situação de sufoco económico em que se encontra. A manifestação reuniu pessoas de todos os quadrantes políticos e sociais e transformou-se, segundo analistas locais, «num claro cartão amarelo à Câmara local e ao Poder Político na Praia, nomeadamente ao governo de Ulisses Correia e Silva».
Para alguns participantes ouvidos pelo Asemanonline, a partir de hoje nada continua como dantes. « Esta manifestação foi um sinal claro de que algo não vai bem, mostrando que o povo já perdeu a paciência de tantos discursos com promessas de soluções que não chegam. Que os políticos, a começar pelos membros do Governo da República e da Câmara Municipal de S.Vicente, tirem as ilações devidas», deixa escapar um dos participantes.
No final da manifestação, que culminou por volta das 11H30 com uma concentração do público no largo da Praça D.Luis, a organização mostrou-se satisfeita com a adesão voluntária dos cidadãos – a maioria dos contactados por este diário estima-se em pelo menos cinco mil pessoas presentes, embora outros calculem ser perto de 10 mil. « O povo saiu à rua para dizer o que pensa. Nós somos contra a centralização discriminatória. Defendemos que os cidadãos devem participar mais no Governo de Cabo Verde. Não podemos estar atrelados aos partidos políticos», desabafou Salvador Mascarenhas, avisando que, a partir de agora, o movimento cívico Sokols-2017 vai estar atento ao processo de desenvolvimento de Cabo Verde e de S.Vicente em particular.
Antes da dispersão dos presentes, vários cidadãos exprimiram, através do som de um carro móvel que se encontrava no local, a sua opinião sobre várias questão nacionais e locais por resolver, apontado o dedo ao Governo e à Câmara Municipal de Augusto Neves muito contestada neste momento.Questionaram porque continuam os blocos habitacionais de Casa Para Todos fechados, estando muitas pessoas a dormir na rua; A Câmara que não está a dar a atenção aos artistas locais; Atraso na emissão de Passaporte; A problemática da concessão e venda de vistos para Mindelo; O Presidente da Câmara de S.Vicente que não respeita ninguém, entre outras preocupações.
Marcha e participação cívica
A marcha cívica deste 5 de Julho começou por volta das 10H30, a partir da Praça Estrela. Passou pela Rua do Coco, seguindo em direcção à Jorge Barbosa, Rua do Palácio, Praça Nova, Avenida 5 de Julho e Praça D.Luís. Contou com a participação dos diferentes estratos da população local de todos os quadrantes políticos e sociais: cidadãos anónimos - com muitos jovens e mulheres, sindicalistas, Combatentes da Liberdade da Pátria, empresários, intelectuais e artistas diversos, dirigentes de vários partidos, entre outros.
Empunhados de dísticos e cartazes, os participantes marcharam pacificamente, gritando em uníssono palavras de ordem como: «Mais autonomia!», «No crê um Cabo Verde mais justo!», «Já no «Kansa!», «Basta!»,« São Vicente ka ta desisti!», «Centralismo Não!», «Dez Ilhas, uma Nação!», «Exclusão Não!», entre outras. A manifestação decorreu de forma ordeira e sem qualquer incidente.