Vídeo vigilância ou espionagem?

As câmaras são programadas em linoux pelos fabricantes e os códigos fontes têm normalmente uma instrução que, ao conectar-se à rede, começa a enviar dados

As câmaras de videovigilância de fabrico chinês, instaladas em várias instituições públicas e privadas em Cabo Verde, estão a ser exploradas e podem ser acedidas, remotamente, por terceiros, sem a autorização dos donos. Esta constatação foi feita por dois técnicos internacionais que estiveram no mês de Maio em Cabo Verde para contactos com diversas entidades.

Segundo os dois especialistas, as referidas câmaras têm falhas de segurança que permitem que qualquer pessoa interessada possa ter acesso, em qualquer parte do mundo, a dados e informações privilegiadas de instituições onde estiverem instaladas.

“Os ataques aos sistemas informáticos feitos recentemente foram perpetrados através de câmaras chinesas. Elas abrem as portas e as deixam abertas para possíveis ataques. O script do linoux, quando se conecta um equipamento à rede, envia automaticamente uma informação para um determinado local onde está um indivíduo que consegue manipular os dados”, explica.

Segundo as nossas fontes, as câmaras são programadas em linoux pelos fabricantes e os códigos fontes têm normalmente uma instrução que, ao conectar-se à rede, começa a enviar dados.

“Ou seja, ao se instalar esses equipamentos, criam-se rotinas e as câmaras acabam por abrir portas sem que o dono do equipamento se aperceba. E ao abrir essas portas indica os locais remotos que a câmara está operacional para ser utilizada por quem quer que seja. São dispositivos que estão disponíveis sem a autorização dos Estados, das empresas e das pessoas, pondo em causa a liberdade e a segurança de qualquer país”, salienta.

O site onde se pode entrar para se obter informações de milhares de câmaras chinesas espalhadas pelo mundo é www.shodan.io e depois é só escrever Hikuivision, Huawei, Dahua, por exemplo, que são fabricantes chineses.

O site disponibiliza “exploits”, que são os códigos para aceder aos gravadores e possibilitar que se modifique as instruções dadas aos equipamentos, tirar as passwords e encriptá-los.

“Um dos grandes negócios é sequestrar os dados das pessoas. O sequestrador consegue aceder à password do e-mail de uma pessoa e depois lhe envia uma mensagem dizendo que se quiseres os teus dados novamente, tens que me pagar um determinado valor”, frisou a nossa fonte sublinhando que a tecnologia já vai ao nível do sequestro dos dados, cujo resgate é feito através de bit coins, que não permite saber quem recebe o montante.

As câmaras das fabricantes chinesas estão espalhadas por diversas localidades pelo mundo inteiro. A Huawei tem 535.038 terminais, Dahua 379.000, Hikuivision 378 mil. A UTC, que também utiliza equipamentos chineses, tem 1.336.909 localidades.

Dois dos principais bancos comerciais do país utilizam câmaras de videovigilância da Hikuivision.


DA


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