Carlos Veiga promete ser Presidente da República “acima dos partidos” em Cabo Verde


“Todos sabem de onde eu venho no espetro político cabo-verdiano. Mas no cumprimento da letra e do espírito da Constituição, proponho-me ser um candidato apartidário e serei um Presidente da República acima dos partidos. A minha camisola será, como aliás sempre foi, a da seleção nacional”, afirmou.

Carlos Veiga, o primeiro chefe de Governo escolhido nas eleições livres e multipartidárias de 1991, falava na apresentação da sua candidatura a Presidente da República, num ato que aconteceu no Farol D. Maria Pina, cidade da Praia, e que contou com dezenas de familiares e amigos.

Reafirmando que a sua candidatura é independente e cidadã, disse, no entanto, estar aberto, dentro do quadro legal, a apoios institucionais de qualquer partido político ou organização da sociedade civil cabo-verdiana e de todos os cidadãos que se revejam nela.

Carlos Veiga é fundador e antigo presidente do Movimento para a Democracia (MpD, atualmente no poder), mas até agora o partido liderado por Ulisses Correia e Silva, também primeiro-ministro, ainda não se pronunciou formalmente sobre o apoio.

Caso venha a ser eleito chefe de Estado, prometeu influenciar as instituições democráticas e a sociedade a fazerem “opções claras e sustentadas por uma visão ampla e ambiciosa de um futuro cada vez melhor e mais justo para Cabo Verde e para o seu povo”.

Também prometeu ser um fator e garante da estabilidade do país e de consolidação das instituições democráticas e uma ponte de diálogo permanente e construtivo entre todos.

“Serei também o garante intransigente de que a Constituição será respeitada, cumprida e efetivamente aplicada por todos”, continuou Carlos Veiga, advogado e embaixador de Cabo Verde em Washington durante três anos, até 31 de janeiro de 2020.

Esta é a terceira vez que Veiga se apresenta como candidato às presidenciais em Cabo Verde, depois de ter tentado a eleição em 2001 e 2006, mas 15 anos depois da última tentativa garantiu que está “bem preparado” para o cargo e quer ser “porta-voz” de todos os cabo-verdianos.

“Sobretudo daqueles que vivem em grandes dificuldades e dos vulneráveis. Darei tudo de mim para influenciar as nossas instituições e a nossa sociedade a lutar solidariamente contra a pobreza, as desigualdades sociais e as assimetrias regionais que ainda marcam o nosso país”, prosseguiu.

As comunidades emigradas e os jovens são outras camadas da sociedade que fazem parte das principais linhas de atuação com que Carlos Veiga se apresentará ao eleitorado, cujo anúncio da candidatura fez em janeiro.

Antes das sétimas presidenciais de 17 de outubro, Cabo Verde vai a votos em 18 de abril para eleições legislativas, que Carlos Veiga considerou serem “essenciais” para o futuro do país, porque delas vão surgir um novo parlamento e um novo Governo.

Por isso, apelou “veementemente” a todos os cabo-verdianos a participaram na campanha eleitoral para essas eleições “com alegria e responsabilidade”, mas com respeito pelas regras de prevenção e controlo da covid-19.

“E, sobretudo, a que nelas votem em massa”, pediu Veiga, que garantiu que depois das legislativas terá muitas oportunidades para se encontrar com os cabo-verdianos.

Carlos Veiga concorreu pela primeira vez ao cargo de Presidente da República cabo-verdiano em 2001 - que Pedro Pires, apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), venceu -, tendo deixado as funções de primeiro-ministro com Gualberto do Rosário.

O principal opositor deverá ser o antigo primeiro-ministro e presidente do PAICV, José Maria Neves, que tem vindo a admitir a possibilidade de concorrer ao cargo de Presidente da República, depois de ter liderado o Governo cabo-verdiano de 2001 a 2016.

Às eleições presidenciais de 17 de outubro já não concorre Jorge Carlos Fonseca, atual Presidente da República e que cumpre o segundo e último mandato. A Semana com a Lusa


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