Brava: Carmen Monteiro – uma licenciada desempregada que viu na pastelaria e costura um meio de ganhar o seu sustento

Carmem Monteiro é uma jovem bravense de 32 anos, licenciada em Ciências da Educação, mas que não teve a “sorte” de entrar no mercado de trabalho na área, decidiu investir na pastelaria e na costura, mesmo que o mínimo.

À Inforpress, Nã, como é carinhosamente tratada por todos, contou que fez o seu curso superior na Universidade Jean Piaget e participou em dois dos concursos que foram abertos para o recrutamento de professores, mas não foi aceite, assim como os seus outros colegas de formação.

Até realçou que foi feito “tudo o que era possível”, inclusive manifestação, mas mesmo assim, as candidaturas não foram aceites o que lhe levou a não gastar dinheiro com documentos para os outros concursos que têm sido realizados.

Entretanto, sublinhou que enquanto esteve a estudar, aproveitou para ingressar numa formação de pastelaria e panificação, a sua primeira opção de trabalho quando viu que não conseguia entrar no quadro do Estado, via formação superior.

“Comecei a trabalhar numa padaria que seis meses depois veio a fechar. Daí, em casa sem nada à vista peguei das compras que tinha em casa e comecei a fazer doces e salgados para festas e lanches, incluindo decoração quando o cliente deseja”, indicou.

Com a primeira encomenda, Nã enfatizou que assim que recebeu o valor cobrado, voltou a repor o stock de compra que tinha apanhado nas compras de casa e o que restou considerou como sendo o seu ganho.

Assim, de pouco a pouco foram surgindo encomendas e nunca lhe faltou nada.

Mas, a sua maior paixão desde tenra idade sempre foi a costura. Inclusive, esta área lhe apoiou muito durante o tempo de universidade, porque conforme contou fazia bordados em pano de cruz e vendia.

“Na Praia sempre fiz panos para vender, mas na Brava fazia algumas coisas para mim, para familiares e amigos mais próximos, mas sem cobrar nada”, disse a empreendedora.

Com uma encomenda da sua amiga, Nã decidiu colocar nas redes sociais e o que no início parecia ser somente um passatempo, agora abriu portas para que ela realize o seu maior sonho, que é a criação de um ateliê para confeccionar roupas para crianças.

“Além de bordado, faço bonecas de pano e enxovais para crianças, desde panos de berço, bolsas de bebés, porta fraldas e tudo o que os pais desejam para os filhos”, enumerou emocionada, contando que desde a primeira divulgação os pedidos não param de chegar, incluindo de um boutique que comercializa produtos de criança na cidade da Praia.

O que mais tinha medo na área da costura era cortar moldes para roupas, mas está a terminar uma acção de formação em corte e costura que a ajudou a se “lançar e produzir de tudo”.

Agora, Nã desabafou que vai lutar para o seu maior sonho que é ter um ateliê para criar linhas especificamente para crianças, vendo como maior empecilho o financiamento para adquirir os equipamentos profissionais e de tecido.

Pois, a aquisição de tecido tem sido o seu maior “calcanhar de Aquiles”, uma vez que tem de depender de “favores e boa vontade” dos amigos e conhecidos na cidade da Praia e mesmo para fazê-los chegar à ilha, impedindo assim que atenda algum pedido que seja urgente tendo no mínimo que esperar uma semana para à chegada do tecido.

Usando os seus dons, Nã afiançou que sempre defende que a mulher só passa necessidade e fome “caso queira”.

“Nós temos muitos dons e por mais simples que seja é preciso termos autodeterminação, foco e muita força de vontade para investir e vencer na vida”, concluiu Carmem Monteiro.

 

 

 

FONTE: INFORPRESS

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