Portos de Cabo Verde voltam a acentuar perda de passageiros em fevereiro

Segundo escreve a Lusa, de acordo com o último relatório de tráfego da Enapor, responsável pela gestão dos nove portos no arquipélago, foram movimentados em fevereiro menos 19,8 passageiros face a janeiro (-17,3% em janeiro).

Antes o movimento de passageiros tinha crescido 30,6% em dezembro, face a novembro, a primeira subida em quatro meses, segundo o histórico da Enapor.

A quebra no movimento de passageiros é ainda maior quando comparada com fevereiro de 2020, antes dos efeitos da pandemia de covid-19, com uma descida homóloga de 47,7% no segundo mês de 2021, cita Lusa.

A CV Interilhas liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, avança a mesma fonte, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo atualmente a única empresa a operar neste setor no arquipélago.

Do total de passageiros em fevereiro, 38,1% representou o movimento no Porto Grande e 31,3% no Porto Novo, respetivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão. O Porto da Praia, capital do país, registou uma quota de 9,8% do total, com um movimento que desceu para 5.002 passageiros, indica-se no relatório, a que a Lusa teve hoje acesso.

Ainda em janeiro, os portos de Cabo Verde movimentaram 484 escalas de navios, um aumento de 1,7% face a janeiro, mas menos 22,8% comparando com o movimento em fevereiro de 2020. O movimento de mercadorias também desceu em fevereiro, 13,5% face a janeiro, para 152.517 toneladas, uma quebra de 30,5% em termos homólogos.

Segundo a mesma fonte, aos portos de Cabo Verde movimentaram em 2020 um total de 757.011 passageiros, uma quebra de quase 30% face ao ano anterior, explicada com os efeitos da pandemia de covid-19, que obrigou à suspensão das ligações interilhas.

De acordo com o relatório de tráfego anual elaborado pela Enapor, no espaço de um ano foram transportados menos 314.249 passageiros (-29,3%).

As ligações marítimas de passageiros foram suspensas pelo Governo de Cabo Verde entre final de março e meados de maio, com o estado de emergência, para conter a transmissão da covid-19.

Desde 03 de setembro que os navios que garantem essas ligações interilhas podem usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em maio, devido à pandemia de covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.

As alterações visam especificamente o transporte marítimo, alterando a definição anterior, que obrigava a que a lotação dos navios devia “respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros”, o que se traduzia, até então, numa ocupação máxima de 50% da capacidade dos navios.

Aquando da aprovação desta resolução, Lusa adianta ainda, o Governo explicou que as alterações permitiriam às viagens interilhas com tempo de duração inferior a três horas e meia uma ocupação de 100%. A medida pretendia “manter a vigilância e reforçar as medidas de combate ao covid-19”, mas também “iniciar uma atividade gradual da retoma económica e circulação das pessoas entre as ilhas por via marítima”.

A administração da CV Interilhas admitiu em agosto perdas de 4,5 milhões de euros em 2020, devido à covid-19, necessitando de uma compensação financeira do Estado.

O Governo cabo-verdiano já antecipou o objetivo de rever o contrato de concessão do serviço público de transporte marítimo interilhas de passageiros e mercadorias, atribuído à CV Interilhas, que face às ligações comercialmente deficitárias recebe um subsídio do Estado.


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