Onda de roubos de produtos nas propriedades vinícolas em Chã das Caldeiras

Dezenas de agricultores denunciam aquilo que consideram ser a onda de saques de frutas e outros produtos que se regista neste momento nas propriedades vinícolas em Chã das Caldeiras do Fogo. Os camponeses denunciam sentir-se, nessa época de vindimas, impotentes perante “o furto organizado de tudo quanto possa servir para a venda nos mercados da ilha e no capital do país”. O caso já é do conhecimento das autoridades locais, soube o ASemanaonline.


Este diário digital está em condições de avançar que são vários os esquemas usados por pessoas que tentam lucrar com o trabalho dos outros em Chã. “Nos últimos dias, as propriedades da Associação Comunitária de Montinho e também a zona de Penedo Rachado, foram invadidas, por cidadãos que têm actuado em grupo e com viaturas”, revela a este jornal uma fonte em Chã das Caldeiras.

De lá saíram com grande quantidade de uva e outros produtos que foram vendidos junto dos mercados da ilha e também na Cidade da Praia. “Há grupos preparados para este tipo de furtos", denunciou a mesma fonte.

Em conversa com alguns agricultores locais, apuramos que esta situação acontece anualmente nesta época de vindimas. "Já não se tratam de roubos para consumo próprio", mas de "pessoas que actuam em gangues, que conseguem controlar onde estão os agricultores e outros vão roubar as explorações agrícolas". Uma situação que repete todos os anos nesta época de colheita.

Vindimas dão trabalho a muitos

Mesmo assim, decorre a época das vindimas no Fogo –de colher as uvas para venda nos mercados nacionais – e a campanha de vinificação. A época constitui uma oportunidade de trabalho para muitos desempregados, estudantes, jovens ou donas de casa, que batem à porta das adegas e dos proprietários de terrenos a procurar emprego.

Por estes dias de apanha, de transporte de uvas e todo o processo de fabrico de um dos produtos mais conceituados produtos do Fogo tem garantido trabalho a mais de três dezenas de pessoas. Também a pequena instalação da adega “Sodade”, na zona de Chã, garante trabalho a cerca de 20 pessoas nesta época.

Perspectiva-se boa produção de vinho este ano

Entretanto, a adega Chã, dos viticultores de Chã das Caldeiras - área de maior expressão da vinha na ilha-, perspectiva uma boa produção de vinho para este ano. Se se confirmar a previsão, a produção de 2017 poderá ultrapassar os 200 mil litros de vinho, ou seja, ser três vezes mais do que a produção de 2016, que, segundo David Gomes, ultrapassou os 70 mil litros.

Neste momento, existe uma adega provisória, com capacidade para pouco mais de 100 mil litros, o que deverá exigir aos responsáveis da adega a mobilização de outros meios para transformar a matéria-prima, se o nível de produção prognosticado neste momento venha a confirmar-se.

A previsão de produção depende das condições climáticas favoráveis, mas também do aumento da área cultivada, com fixação anualmente de milhares de plantas de videiras, aproveitando todo o terreno disponível e propício para a prática de agricultura.

Este ano, o vinho de marca «Sodade» perspectiva boa produção de vinho branco, rosé e tinto. Os dados apontam, no entanto, para uma produção de uva preta menor do que a de uva branca. O que significa que haverá menos vinho tinto este ano.

Vinho caseiro ganha mercado

O vinho caseiro Manecón também está a conquistar terreno no mercado nacional e internacional, tornando-se num negócio rentável para alguns produtores. Mais sofisticado e um pouco mais depurado, o Manecón ganhou uma nova roupagem – agora passou a ser engarrafado; Calcula-se que este ano ultrapasse os 30 mil litros. Um aumento da produção que responde também a uma maior demanda.

Muitos são os que hoje não dispensam esse vinho produzido em casa pelos homens de Chã das Caldeiras, Relva-Achada Grande e outras zonas altas da ilha do Fogo. Cada litro de Manecón oscila entre os 400 e 500 escudos. O consumo do Manecón é mais local, mas não pára de ganhar apreciadores nas ilhas de Santiago e Sal.

Nova adega de Chã das Caldeiras estimada em 700 mil euros

Conforme este diário apurou, a construção da primeira fase da nova adega de Chã das Caldeiras, na ilha cabo-verdiana do Fogo, está estimada em cerca de 700 mil euros, segundo o projecto elaborado pelo governo de Tenerife e já apresentado ao Governo cabo-verdiano.

O governo de Tenerife, ilhas Canárias, é o responsável pelo financiamento do projecto, enquanto a primeira fase da construção da obra tem já, segundo Jesus Morales, financiamento pelo Fundo de Cooperação para a Reconstrução do Fogo, após a erupção de Novembro de 2014.

A ultima erupção vulcânica de 2015/16 destruiu por completo a sede da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras, mas deixou praticamente intacta a zona de vinha, ocorrendo a produção de vinho em instalações provisórias desde então.

O vinho é um dos mais conceituados produtos do Fogo e o modo de vida de muitas famílias de Chã das Caldeiras.


Fonte: ASemanaonline.

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