Fogo: Aumenta casos de agressão sexual contra criança e adolescente
O Instituto Cabo-verdiano de Criança e Adolescente (ICCA), na ilha do Fogo, registou, no primeiro semestre de 2017, um “ligeiro aumento” de casos de agressão sexual contra crianças e adolescente a nível da ilha. Entre Janeiro a Junho foram registados 16 casos denunciados a nível da ilha, sendo quatro casos nos Mosteiros, dois em Santa Catarina e 10 em São Filipe, o que representa mais dois casos do que registado em igual período de 2016.
A informação foi avançada pela delegada do ICCA, Vanilda Correia, durante apresentação do estudo sobre “O perfil dos condenados por crimes sexuais contra menores: conhecer para melhor intervir”.
A responsável local do ICCA considerou que a questão de agressão sexual na ilha “é complexa e transversal” e que é preciso realizar trabalho de prevenção e de sensibilização das vítimas (crianças e adolescentes), quer nos infantários como no ensino básico integrado, através das monitoras, professores e pais e encarregados de educação.
Vanilda Correia indicou que existe um programa que começou a ser implementado em pelo menos quatro escolas, sendo que no próximo ano lectivo vai ser generalizado a todos os infantários e escolas do EBI das ilhas do Fogo e Brava para “prevenir e minimizar” a questão da agressão sexual.
A representante do Ministério Público junto da Comarca de São Filipe, Vera Nogueira, que se mostra “revoltada com a quantidade de casos de abusos sexual de crianças e adolescentes a nível do concelho e da ilha”, considerou que, em São Filipe, a Procuradoria tem dado, muitas vezes, maior atenção a crimes de agressão sexual do que aos crimes da violência baseada no género (VBG).
Esta disse que é necessário um trabalho social, através de palestras de sensibilização dos pais e chefes das famílias nas suas próprias comunidades, para minimizar os crimes de agressão sexual contra crianças e adolescentes, que, segundo aquela magistrada, “é muito elevado”.
Segundo a mesma “as mulheres do Fogo amam os seus homens mais do que qualquer coisa e muitas vezes vão contra as próprias filhas para proteger o companheiro no caso de agressão”, acrescentando que tal atitude muitas vezes está relacionada com “dependência económica” do marido/companheiro.
C/Inforpress