Jornal do PC Chinês elogia EUA por afirmarem que não procuram queda do regime norte-coreano
Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) enalteceu hoje as declarações do secretário de Estado norte-americano, nas quais afirmou que os Estados Unidos não procuram uma mudança de regime na Coreia do Norte.
Muitos americanos pensam que [Rex] Tillerson está a revelar fraqueza,
mas vemos as suas declarações como a mais corajosa manifestação de
Washington sobre a questão da península coreana", apontou o Global
Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, órgão central do
PCC.
Na terça-feira, Tillerson afirmou que os Estados Unidos "não procuram uma mudança de regime, nem o seu fim" e não procuram "uma reunificação acelerada da península [coreana]" ou "uma desculpa para enviar militares a norte do paralelo 38".
Em editorial, o jornal elogiou a posição do secretário de Estado norte-americano e afirmou que "Estados Unidos e Coreia do Sul devem respeitar o caminho escolhido pela Coreia do Norte" e ajudar o país a "manter-se estável e desenvolver a sua economia".
"Quando Pyongyang sentir esta boa vontade, terá menos motivos para desenvolver tecnologia nuclear e mísseis", sublinhou.
A relação entre Pequim e Pyongyang, outrora descrita como sendo de "unha com carne", tem-se deteriorado, face à insistência do regime de Kim Jong-un em testar mísseis balísticos e desenvolver um controverso programa nuclear.
Desde que, em 2013, ascendeu ao poder, o Presidente da China, Xi Jinping, nunca se encontrou com Kim Jong-un, tendo-se mesmo tornado no primeiro líder chinês a visitar a Coreia do Sul antes de ir à Coreia do Norte.
No entanto, "os princípios da política externa chinesa não se alteraram: a China opõe-se a que qualquer país estrangeiro, incluindo os Estados Unidos, mudem o regime pela força", disse à agência Lusa o professor chinês de Relações Internacionais Wang Li.
A administração de Donald Trump já avisou que todas as opções "estão em cima da mesa", incluindo uma intervenção militar, para travar o programa nuclear de Pyongyang. Na semana passada, Washington aprovou um novo pacote de sanções unilaterais contra o país.
Pyongyang efetuou na sexta-feira um segundo teste com um míssil balístico intercontinental (ICBM), que coloca o território dos EUA ao alcance de um ataque norte-coreano, segundo Kim Jong-un.
No domingo, Trump voltou a responsabilizar a China por não fazer o suficiente para travar o programa nuclear norte-coreano.
"Estou muito dececionado com a China. Os nossos antigos líderes, ingénuos, permitiram-lhes ganhar centenas de milhares de milhões de dólares por ano em comércio e, no entanto, não fazem nada por nós em relação à Coreia do Norte", escreveu no Twitter.