Operação Sentinela na mira das críticas após ataque a militares em França

Ao fim de mais de cinco horas de caça ao homem, a polícia francesa anunciou a detenção de um homem suspeito de ter atropelado, de forma deliberada, seis militares integrados na operação Sentinela que acabavam de proceder à mudança de turno na comuna de Levallois-Perret, o município nos arredores de Paris que alberga a sede da Direcção-geral de Segurança Interna, a agência francesa de espionagem e contra-terrorismo.

O suspeito, nascido em Novembro de 1980, agiu sozinho, não usou a arma de fogo que teria na sua posse durante um tiroteio com as autoridades e “ainda não disse uma palavra” desde que foi capturado, revelaram fontes da polícia ao diário francês Le Monde.

O caso, que está a ser investigado pela unidade de antiterrorismo da procuradoria de Paris, foi descrito pelo ministro do Interior, Gérard Collomb, e o autarca de Levallois-Perret, Patrick Balkany, como um “ataque premeditado e deliberado” contras as forças de segurança e, particularmente, os soldados envolvidos na operação Sentinela, lançada após os ataques terroristas de Janeiro de 2015 em Paris, e que está na mira das organizações jihadistas desde então.

Em dois anos, os efectivos da Sentinela (dez mil soldados e quase 5000 guardas e polícias) já foram alvo de quatro ataques – em frente a um centro comunitário judaico em Nice (2015); à porta de uma mesquita de Valence (2016) e no museu do Louvre e no aeroporto de Orly, na capital francesa, em Fevereiro e Março deste ano.

Após o episódio, surgiram novamente críticas à forma como foi montada a operação Sentinela – e de forma mais contundente à sua eficácia. Em declarações à AFP, o investigador Elie Tenenbaum, do Instituto Francês de Relações Internacionais, duvidava da utilidade deste tipo de patrulhas enquanto dispositivo de segurança, notando que apesar do seu papel mais “dinâmico”, as suas competências continuavam a ser “extremamente limitadas”. E como prova o elevado número de agressões quotidianas a que são sujeitos (cinco por dia, em média), acabaram “por se tornar alvos”.

Uma armadilha

Numa entrevista à France Info, o presidente do Centro de Análise do Terrorismo, Jean-Charles Brisard, disse que a Sentinela se revelou “uma verdadeira armadilha”, que em vez de salvaguardar a segurança dos cidadãos acaba por “expôr” os seus efectivos, num momento em que o objectivo declarado dos terroristas é atingir os representantes do Estado. Criticou o recurso a militares “treinados para o teatro de guerra” nuuma operação que é “essencialmente um combate em zona urbana”.



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