FAO: Mudança climática reduz disponibilidade de alimentos no mundo

A Organização das Nações Unidades para Alimentação e Agricultura (FAO) acaba de alertar que a mudança climática que se regista actualmente ameaça elevar número dos que passam fome neste momento no mundo. É que segundo precisa a demanda mundial de alimentos em 2050 subirá 60% sobre níveis de 2006.


Segundo a agência EFE, a FAO advertiu, a 17 último, que a mudança climática está semeando dúvidas sobre a disponibilidade de alimentos, o que pode representar, no futuro, um aumento da fome e da pobreza no mundo, se não forem tomadas medidas urgentes.

O diretor-geral da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, explicou, em entrevista colectiva, que "a mudança climática devolve a incerteza ao nunca mais poder assegurar que será obtida a colheita correspondente ao que foi plantado".

Da Silva avança que essa situação ameaça elevar o número de pessoas que passam fome e a volatilidade dos preços dos alimentos básicos, que "todos já estão pagando, e não só os que estão sofrendo com as secas".

Segundo diversas estimativas, para 2030 poderia haver entre 35 e 122 milhões de pessoas a mais imersas na pobreza. Tudo por causa do efeito da mudança climática em comparação com um futuro sem dito fenómeno.

Com base no relatório bienal da FAO, calcula-se que a demanda mundial de alimentos em 2050 aumentará pelo menos 60% acima dos níveis de 2006, isto devido sobretudo ao crescimento da população e à rápida urbanização.

O documento alerta,por outro lado, que uma queda na produção agrícola derivaria na escassez de alimentos, afetando ainda mais regiões expostas como a África Subsaariana e Ásia meridional.

Efeito da estufa e medidas para conter o fenómeno

Por isso, José Graziano da Silva propôs introdução de medidas de adaptação e mitigação da mudança climática no setor primário, levando em conta que "os mais afetados dos países pobres não podem pagar seu custo". A pensa nisso, pediu mais políticas e recursos públicos para ajudar na luta contra o aquecimento global do planeta terra.

Revela a mesma fonte que, no mundo existem cerca de 475 milhões de pequenos agricultores com baixos ingressos que frequentemente sofrem com obstáculos como o acesso limitado aos mercados, ao crédito, à informação meteorológica, às ferramentas de gestão de riscos e à proteção social. Acrescenta que especiais dificuldades são encontradas pelas mulheres, que constituem 43% da mão-de-obra agrícola nos países em desenvolvimento.

Já o responsável de Desenvolvimento Económico e Social da FAO, Kostas Stamoulis, defendeu que é preciso empreender ações urgentes e que as consequências do clima para a agricultura serão notadas a longo prazo.
Stamoulis considerou que atualmente existem muitas tecnologias que podem ser aplicadas para diversificar os ingressos dos lares rurais com atividades dentro e fora do setor primário, de modo que sejam capazes de tramitar melhor os riscos.

A fazer fé no relatório citado pela EFE, vinte um por cento das emissões globais de gases do efeito estufa são causadas pelo desmatamento, pecuária e gestão de solos e nutrientes.
Diz o documento que para diminuir essas emissões, é possível empregar práticas sustentáveis que consistem, por exemplo, em integrar os cultivos, o gado e as árvores; empregar variedades eficientes em nitrogênio e tolerantes ao calor, e semear diretamente sem arar.

Conter o desmatamento das florestas é, conforme a FAO, outra das ações prioritárias, assim como reduzir tanto as perdas e os desperdícios de alimentos como os gases poluentes durante os processos de produção, transporte, elaboração e venda desses produtos.

O recente estudo bienal sobre o estado da alimentação e agricultura no mundo adverte, por outro lado, que a adoção dessas práticas ainda é muito limitada, já que é obstaculizada por políticas -como as que subvencionam os químicos- que estimulam uma produção insustentável com o meio ambiente ao invés de promover a eficiência no uso dos recursos naturais e sua conservação. Foto: Reprodução/ TV TEM


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