PR de Cabo Verde alerta contra baixar da guarda e pede manutenção de alerta

No seu discurso proferido na abertura de uma conferência para assinalar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca lembrou, segundo a Lusa, que os primeiros casos de infeção pela covid-19, à semelhança de outros países, tiveram o condão de alarmar e unir todos numa espécie de frente única.

Entretanto, mostrou estar preocupado pelo facto de essa novidade na altura ter passado a ser normal ou mesmo “banal” aos olhos de alguns.

“Verificamos uma espécie de baixar da guarda e de convivência natural com a situação, extensível a todos, jornalistas inclusive”, alertou o chefe de Estado, referindo que as próprias notícias têm outro impacto.

“É verdade que não é possível manter os graus de alerta e mobilização a níveis altos durante muito tempo. Apesar do processo de vacinação em curso no país, o meu apelo vai para a manutenção do centro da atenção nos riscos que ainda corremos, nas mortes que ainda podemos evitar, e, para isso, é preciso continuar o trabalho de informar e de manter esta preocupação no topo das agendas”, apelou.

Segundo ainda a Lusa, Cabo Verde tem registado valores máximos diários de novos infetados consecutivos desde 31 de março, praticamente todos os dias acima de 200 e até ao pico de 409 casos em 28 de abril, muito acima do máximo anterior de 159 novos casos, em 11 de outubro de 2020.

O Governo de Cabo Verde voltou a decretar, na sexta-feira, a situação de calamidade em todas as ilhas, exceto na ilha Brava, para os próximos 30 dias, agravando medidas de limitação de atividades com aglomerações de pessoas, face ao aumento dos novos casos de covid-19.

No domingo, o país registou 241 infetados pelo novo coronavírus, elevando para 24.368 o total de casos desde o início da pandemia, dos quais 224 resultaram em morte. Há 20.899 casos considerados recuperados e atualmente registam-se 3.230 casos ativos de infeção.

No seu discurso, o Presidente da República destacou o “trabalho abnegado” dos profissionais da comunicação, mas salientou que uma das consequências da pandemia no seio da comunicação social são as “pressões” no sentido de restrição da liberdade de informar.

Num total de 180 países avaliados, Cabo Verde ocupa neste momento a 27ª posição no índice da liberdade de imprensa - desceu dois lugares este ano -, sendo o segundo país na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e também em África.

“Se isso nos deve encher de orgulho, não nos deve fazer esquecer que já estivemos um pouco melhores”, sublinhou, prossegue a Lusa, notando que Cabo Verde tem um “nível bem elevado” de liberdade de imprensa, mas reconheceu que o país ainda tem um importante caminho a percorrer.

“Jornalismo em tempos de pandemia” é o tema do debate organizado pela Associação Sindical dos Jornalistas em Cabo Verde (AJOC), em que uma das oradoras é a presidente do Sindicato dos Jornalistas de Portugal e jornalista da agência Lusa, Sofia Branco.

Os desafios do jornalismo no contexto de emergência sanitária, o papel da regulação dos media perante restrições de direitos dos cidadãos e investigação jornalística num Estado de exceção constitucional e desinformação são os subtemas a serem discutidos, refere a fonte deste jornal.


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