Angola elege novo Presidente ao fim de 38 anos de Eduardo dos Santos
A composição do Parlamento de Angola e a consequente sucessão de José Eduardo dos Santos, Presidente da República desde 1979, são decididas esta quarta-feira por mais de 9,3 milhões de eleitores. As urnas estão abertas até às 18h00. E são 1440 os observadores angolanos e internacionais acreditados para acompanhar o processo. Entre os quais a plataforma Jiku, de Luaty Beirão, que já veio apontar irregularidades.
Os angolanos são chamados a escolher entre seis candidatos o sucessor de
José Eduardo dos Santos. O Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA), partido sustentáculo do regime que dominou os tempos de antena ao longo de um mês de campanha, é dado como favorito. João Lourenço é o cabeça-de-lista.
As eleições desta quarta-feira são as quartas desde a independência de
Angola. São as segundas a decorrer com as atuais regras, que enquadram a
eleição direta do Parlamento e indireta do Chefe de Estado. O
Presidente será o cabeça-de-lista da força política com mais votos.
A encabeçar a lista do principal partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), surge uma vez mais Isaías Samakuva. Abel Chivukuvuku é também o repetente cabeça-de-lista da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE).
O Partido de Renovação Social (PRS) candidata Benedito Daniel à
Presidência da República e a Frente Nacional de Libertação de Angola
(FNLA) tem Lucas Ngonda como cabeça-de-lista. A lista da estreante
Aliança Patriótica Nacional (APN) é encabeçada por Quintino Moreira,
antigo deputado.
Estão constituídas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) 12.512
assembleias de voto, que somam 25.873 mesas. Há 9.317.294 eleitores
inscritos nos cadernos.
Denúncias
Até terça-feira a CNE acreditara 1440 observadores internacionais e
angolanos. A seguir este processo eleitoral está a plataforma Jiku,
nascida da associação Handeka, um projeto de monitorização cívica que
envolve ativistas como Luaty Beirão e Laura Macedo.
Ouvida pelo enviado especial da Antena 1 a Luanda, António Jorge, Laura
Macedo adiantava já esta manhã que a plataforma iria ponderar a
apresentação ao Tribunal Constitucional de um pedido de impugnação
destas eleições, tendo em conta denúncias de irregularidades recolhidas
no terreno.
“Temos tido muitas denúncias de todos os aspetos, desde pessoas que
quando atualizaram os seus registos programaram ficar num sítio e estão
noutro, muitas mudanças de província, muitas mudanças de município,
pessoas que se registaram, a CNE fez desaparecer o ficheiro”, enumerou.