Ministério Público alemão pede prisão perpétua para terrorista neonazi
O Procurador-Geral federal pediu hoje uma pena perpétua para Beate Zschäpe, por cumplicidade em vários crimes terroristas cometidos por uma célula neonazi que operou durante vários anos.
Beate Zschäpe é acusada de coautoria em dez homicÃdios, dois atentados bombistas e 15 assaltos à mão armada.
O advogado da acusação pública,
Herbert Diemer, afirmou nas suas alegações finais que a pena estaria
justificada, mesmo que apenas se provasse a coautoria da ré num só dos
dez homicÃdios.
A célula designada como NSU (abreviatura para "Clandestinidade
nacional-socialista") era essencialmente constituÃda por três pessoas -
Zschäpe, e dois cúmplices, Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt.
Não se provou que Zschäpe, de 42 anos, tivesse sido autora material de
algum dos dez homicÃdios, mas a coautoria está fora de dúvida. E está
também fora de dúvida que, depois do suicÃdio dos outros dois membros da
célula, ela tomou sozinha a decisão de incendiar a casa utilizada pelos
três, para destruir provas, e que o fez consciente do perigo que fazia
correr à vida de outras pessoas.
Segundo o procurador público, a célula pretendia com a sua campanha de
assassÃnios lançar o pânico entre as comunidades imigrantes,
especialmente a comunidade turca.
O processo durou quatro anos e chega agora à sua fase final. Depois das
alegações finais da acusação, o tribunal deverá ouvir ainda as da
defesa. Só dentro de vários meses deverá emitir o seu veredicto.
O fim mais ou menos acidental de uma célula nazi
Os outros dois membros da célula foram encontrados mortos em em 4 de novembro de 2011, aparentemente por suicÃdio depois de terem sido cercados pela polÃcia na sequência do assalto mal sucedido a um banco.
Na ocasião, foram cercados por terem reagido a tiro a uma interpelação
policial. Os agentes que os cercaram não faziam ideia de que o assalto
era apenas a ponta visÃvel de um grande iceberg.
Mas a polÃcia sabia muito mais e vinha acompanhando, inclusivamente
através de um agente infiltrado, a actividade da NSU. Isso não a impediu
de manter durante vários anos a versão de que vários cidadãos turcos
residentes na Alemanha estavam a ser assassinados em ajustes de contas
dentro da própria comunidade turca.
O desencadeamento do processo judicial contra a sobrevivente mais
notória da célula NSU foi, assim, a ocasião para uma série de
perplexidades sobre a atitude da polÃcia e sobre a sua negligência ou
mesmo complacência consciente para com a actividade do grupo terrorista.
Em todo o caso, o médico forense
responsável pelas duas autópsias confirmou o suicÃdio, esvaziando desse
modo a teoria da conspiração que dava os dois Uwes como executados pela
polÃcia, para os impedir de denunciarem as cumplicidades policiais de
que teriam gozado.