Estado da União: Acompanhe o discurso no Parlamento Europeu

O Presidente da Comissão Europeia traçou esta quarta-feira, em Estrasburgo, os principais desafios da União Europeia no discurso anual sobre o Estado da União. Jean-Claude Juncker apresentou as cinco grandes prioridades para os próximos meses, defendeu a criação de um cargo de ministro europeu da Economia e das Finanças, o alargamento do espaço Schengen e frisou que o Euro tem "vocação para ser a moeda única de toda a União Europeia".

O Presidente da Comissão Europeia começou o discurso do Estado da União com uma visão otimista do último ano, enfatizando os resultados económicos dos últimos meses.

“Temos uma janela de oportunidade. Mas não ficará aberta para sempre. Vamos aproveitar ao máximo esta oportunidade. Aproveitar o vento que sopra a nosso favor”, defendeu o presidente do executivo comunitário.

Feito o balanço do último ano do projeto comunitário, Jean-Claude Juncker elencou os dois desafios que os 27 devem enfrentar, no ano e meio até ao fim da atual legislatura europeia. Para o líder da Comissão, a União Europeia precisa de completar a agenda de Bratislava e estipular a direção a seguir no futuro
Cinco propostas para 2018
Para o próximo ano, o presidente da Comissão Europeia destacou cinco propostas que o executivo comunitário considera serem “particularmente importantes”: o reforço do comércio com outros parceiros, o desenvolvimento da indústria europeia, o combate às alterações climáticas, a defesa perante os perigos do mundo digital e os ciberataques e os fluxos migratórios.

Em termos comerciais, a União Europeia quer assim abrir negociações comerciais com a Austrália e a Nova Zelândia. O objetivo é que as negociações sejam transparentes e estejam concluídas até ao fim do atual mandato (2019). Jean Claude Juncker anunciou ainda que o executivo comunitário publicará “na íntegra os mandatos de negociação que apresentará ao Conselho Europeia”, porque os “cidadãos têm o direito a saber o que propõe a Comissão”.

“Acabou a falta de transparência, acabaram os rumores”, afirmou. A decisão surge depois das críticas a que Bruxelas tem sido sujeita, perante negociações pouco transparentes em acordos comerciais como o CETA e TTIP. Juncker garantiu ainda que a Comissão não é “ingénua” no que diz respeito ao livre comércio, pelo que a Europa deve “sempre proteger os seus interesses estratégicos”.

Nesse sentido, a Comissão Europeia propõe que seja feita uma avaliação dos investidores estrangeiros que pretendem entrar em empresas estratégicas da União Europeia – como nas áreas da defesa, energia ou transportes. “É nossa responsabilidade política saber o que se passa aqui para podermos, caso seja necessário, proteger a nossa segurança coletiva”, justificou.
Combate às alterações climáticas
O desenvolvimento da indústria europeia segue como terceira aposta de Juncker para este ano, referindo-se em especial à indústria automóvel – afetada pelos sucessos casos de emissões fraudulentas nos últimos anos. O executivo comunitário diz estar orgulhoso da capacidade industrial da europeia mas enfatiza estar “chocado” com o facto de clientes e consumidores estarem a ser enganados.

“Em vez de procurar enganar e induzir em erro, os construtores deveriam investir nas viaturas limpas que são as viaturas de amanhã”, pediu. A Europa vai apresentar ainda uma estratégia para que a indústria europeia “se mantenha ou se torne líder na inovação, na digitalização e na descarbonização”.

Juncker prosseguiu com uma crítica a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, tendo apresentado o combate às alterações climáticas como prioridade da UE. A Comissão Europeia apresentará em breve uma proposta de redução das emissões de dióxido de carbono no setor dos transportes.

A quarta prioridade para este ano é a proteção dos consumidores perante o desafio que representa o mundo digital. “As novas regras propostas pela Comissão irão proteger os nossos direitos de propriedade intelectual, a nossa diversidade cultural e os nossos dados pessoais”, prometeu.

No entanto, Juncker insistiu que a União Europeia está mal protegida contra ciberataques, recordando que estes são “por vezes mais perigosos para a estabilidade das economias e da democracia do que mísseis e tanques”. Bruxelas pretende que seja criada uma agência europeia para a cibersegurança.

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