Privatização da TACV: MpD “suporta integralmente” a decisão do Governo de assumir o controlo da CVA – Comissão Política
Esse posicionamento foi assumido, esta terça-feira, em conferência de imprensa, promovida pelo membro da Comissão Política Nacional e Deputado Luís Carlos Silva, indicando, segundo a Inforpress, que com esta decisão o Governo está a cumprir com os “superiores interesses” de Cabo Verde.
“A CVA é um activo estratégico e uma peça-chave para a implementação da nossa visão de pais plataforma que possa prestar um relevante serviço de interligação de continentes, contribuindo assim para a elevação do sector de transportes para a condição de motor alternativo da nossa economia e para a construção da riqueza nacional”, disse.
Na perspectiva do MpD, o negócio com a Icelandair, à partida, era um bom negócio que deu resultados visíveis.
“Houve aumento de passageiros transportados em cerca 94% de 2018 para 2019, aumento do parque de aviões, atingindo os seis aviões em Dezembro de 2019, conexão com 11 cidades e interligando três continentes. Indirectamente, se verificavam outras externalidades positivas, designadamente, o aumento do volume de negócios da ASA em cerca de 10%”, exemplificou.
Contudo, adiantou que a pandemia de covid-19 veio pôr termo à situação favorável, já que, à semelhança dos outros países, Cabo Verde decidiu pela suspensão dos voos, tendo provocado a paralisação completa da CVA, anulando a actividades comerciais da empresa que, entretanto, manteve as despesas fixas com salários e serviços mínimos.
“Perante essa nova realidade, o Governo encetou negociações com o accionista Lofleidir em busca de uma nova solução que permitisse, por um lado, a manutenção dos postos de trabalho de aproximadamente 300 colaboradores e, por outro, que viabilizasse o reinício das operações”, explicou.
Conforme ainda a Inforpress, um novo acordo foi celebrado em Março de 2021, entre o Estado e o parceiro estratégico, e previa a cedência de ambas as partes em diferentes matérias e compromissos e responsabilidades das partes para permitir o objectivo de reinício das operações de forma organizada e sem sobressaltos.
O governo, conforme adiantou, tem assumido as suas responsabilidades e, inclusive, tem participado para além da sua responsabilidade.
Afirmou, porém. que tendo feito uma análise sobre o cumprimento do acordo, se concluiu que, “infelizmente, a outra parte não tem demonstrado níveis de engajamento e determinação necessários” para manter a confiança na empresa e garantir a continuidade futura da empresa.
“Agora é momento de decisão. Ou o parceiro está engajado e se revê na visão de fazer essa trajectória do deserto para voltarmos, no pós-pandemia, aos números que tínhamos em 2019, ou o parceiro não está. E o parceiro não estando, o Governo assumindo que quer fazer esse percurso, nós teremos que fazer esse percurso, por agora, sozinhos e no futuro mobilizar outro parceiro”, sustentou.
O porta-voz do MpD realça que o Governo não podia deixar a companhia falir e perder os postos de trabalho e o activo estratégico que a CVA representa.
“Não é uma opção para Cabo Verde, não é uma opção para o Governo nem para o MpD. O MpD acredita que é possível salvar os postos de trabalho e salvar a empresa. Se o parceiro não consegue acompanhar Cabo Verde nessa tarefa, faremos a caminhada sozinha”, realçou.
Questionado se neste momento, tendo em conta todos os engajamentos do Governo, a Lofleidir é devedora ou credora do Estado de Cabo Verde, o porta-voz do MpD adiantou que esta é uma conta que deve ser feita para se chegar a um acordo.
“O que interessa neste momento é que o MpD suporta o Governo nesta decisão porque o partido tem o entendimento de que a CVA é uma peça estratégica para instalação do país Plataforma”, disse, descartando também possibilidade da CVA abandonar o negócio aéreo internacional para dedicar-se às operações domésticas.
Sobre o pedido do PAICV para que o negócio da CVA seja investigado pela Procuradoria-geral da República, disse que o “PAICV se apresentou igual a si mesmo”, ou seja, “acusando, caluniando sempre, levantando suspeições, mas sem nunca apresentar provas”.
“É estratégia política de terra queimada”, afirmou, segundo a Inforpress.
Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV, por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação, (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Este domingo, 20, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou a decisão do Governo de reverter a privatização dos 51% do capital da Cabo Verde Airlines (CVA) que estão na posse da Icelandic.